Os aumentos salariais negociados em fevereiro superaram o índice de janeiro. Segundo o boletim mensal “De olho nas negociações”, do Dieese, entre as negociações analisadas, fevereiro registra ganho real em 87,4% delas. Em janeiro, havia sido de 83,5%.
Nos últimos 12 meses, fevereiro registra o segundo maior desempenho, perdendo apenas para maio, quando as negociações com ganho real chegaram a 88,6%. Mas fevereiro apresentou a maior variação real média. Ou seja, 1,87% acima do INPC.
Desde novembro, têm havido altas no percentual de negociações com ganho real. Para Luís Ribeiro, técnico do Dieese, isso se deve sobretudo à valorização real do salário mínimo, em janeiro, e ao perfil das categorias que negociam no segundo semestre e início do ano. “Petroleiros, bancários e metalúrgicos, por exemplo, negociam em setembro. Em outras categorias, acordos são fechados só depois de janeiro, quando já se sabe o aumento do salário mínimo”, explica.
Emprego – Segundo o técnico, a baixa taxa de desemprego (6,5% no trimestre terminado em janeiro) é um dos fatores que favorecem o êxito das campanhas salariais. “O risco de demissão é menor. O trabalhador sabe que, se sair, pode encontrar um novo emprego. Isso pressiona as empresas a ceder nas negociações”, avalia.
Tendência – Luís Ribeiro diz que a inflação estável de janeiro (0%) também contribuiu para os bons números nas negociações no mês seguinte. Ele prevê cenário menos favorável em março, mas se mantém otimista”. Ribeiro afirma: “Dados preliminares já mostram ligeira piora, o que se explica pela inflação mais alta, com INPC de 1,48% em fevereiro. Porém, os dados econômicos brasileiros são sólidos e o histórico recente é estável. A tendência é que os ganhos reais nas negociações salariais variem entre 80/85% este ano”.
Para o técnico do Dieese, as decisões do Banco Central podem ter algum impacto no crescimento econômico. Mas, ele observa, “os juros brasileiros são altos há um bom tempo, e mesmo assim a economia está indo bem”. Quanto à conjuntura internacional, há mais incerteza. Ribeiro diz: “Ainda não temos como avaliar as tarifas de Trump. Pode ser que surjam novas oportunidades para o Brasil e isso facilite um acordo Mercosul-União Europeia. Neste caso, as consequências seriam benéficas”.
MAIS – Site do Dieese.