Ditadura nunca mais! – Josinaldo José de Barros 

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Há exatos 60 anos, o Brasil sofria um golpe de Estado. Militares entreguistas, empresariado conservador, mídia elitista e igreja moralista se uniram pra derrubar o presidente João Goulart. Por trás de tudo, a pesada mão dos Estados Unidos.

Jango era homem rico, dono de fazendas e gado. Mas por ser trabalhista tinha visão social e compromisso com a classe trabalhadora. A elite não perdoava seu apego ao povo mais pobre.

Pior: a classe dominante tinha pavor das reformas de base defendidas por Jango, principalmente da reforma agrária e da mudança na lei de remessa de lucros das multinacionais.

Essas forças todas utilizavam a grande mídia contra o governo progressista. O bombardeio era diário e impactava a opinião pública, principalmente o Congresso Nacional, dominado pela direita. Ainda assim, Jango mantinha alta aprovação popular.

Diante desse quadro, a classe dominante partiu pra violência, pôs os tanques na rua, derrubou o governo e colocou um general no poder. Os Estados Unidos de pronto reconheceram o governo ilegítimo.

Se o governo Jango era popular, beneficiando o povo, a ditadura iria fazer o oposto. O regime impôs censura às artes, cassou direitos políticos, prendeu opositores, mandou patriotas para o exílio, arrochou salários, reprimiu o movimento sindical.

Nosso Sindicato sentiu isso na carne. Um ano depois de ser fundado, viu milicos invadir a sede alegando que procuravam armas. Era uma encenação grotesca pra justificar a repressão e cassar nossa primeira diretoria.

A cada dia o regime endurecia a repressão: contra trabalhadores, estudantes, políticos da oposição, artistas, intelectuais, religiosos. Depois das prisões vieram as torturas. Nem grávidas escaparam.

Mas não há mal que sempre dure. O arrocho salarial, a explosão da inflação, o avanço da dívida externa, as humilhações impostas pelo FMI, tudo isso desgastou o regime e a ditadura foi perdendo potência.

No final dos anos 70, as forças progressistas se reagruparam e conseguiram convocar a Assembleia Nacional Constituinte. Assim, em outubro de 1988 nascia a nova Constituição Brasileira, restituindo as liberdades individuais e o Estado de Direito Democrático.

O 1º de abril é popularmente conhecido como “o dia da mentira”. Não foi diferente há 60 anos. Mentiram que haveria liberdade, que haveria progresso, que haveria emprego, que haveria respeito aos direitos. Fizeram o contrário do que prometeram.

Portanto, é bom recontar sempre essa história, reafirmar a democracia e comemorar a liberdade. É bom prestar atenção no ambiente político e verificar quem defende a democracia de fato e quem faz de conta que é democrata.

A democracia é o único regime que pode se corrigir. É a única forma de governo que ouve o povo, acata reivindicações e respeita liberdade.

Ditadura nunca mais!

Josinaldo José de Barros (Cabeça), Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região. Diretoria Metalúrgicos em Ação.