Divórcio antes do casamento – João Guilherme Vargas Neto

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Para enfrentar e vencer o mosquito transmissor da dengue e superar o grave surto da doença, os brasileiros, mais uma vez, se apoiam no SUS, que lhes garante vacinação, testes, atendimento e ajuda na erradicação dos focos e controle do ambiente.

A criação do SUS, consagrado nos Artigos 198, 199 e 200 da Constituição, foi resultado de uma luta feroz do Partido da Saúde, primeiro contra a catastrófica situação sanitária e os escândalos a ela associados nas décadas de 1970 e 80 do século passado e depois na própria Constituinte.

Com exceção dos Sindicatos diretamente ligados às ações de saúde e das entidades de Servidores, em vários níveis, o movimento sindical dos trabalhadores, como um todo, representado pelas Confederações e Centrais sindicais da época, pouco participou desta luta, melhor dizendo, foi ausente, confirmando o divórcio sem ter havido o casamento.

Muito desse alheamento decorreu de um erro estratégico da renovação sindical dos anos 1970, preocupada em seus acordos e Convenções Coletivas a valorizar o atendimento médico pelos planos privados de saúde, que ao longo do tempo se materializou em uma das mais importantes cláusulas das negociações, situação que perdura até hoje.

Sem que os Sindicatos abandonem a luta atual pra garantir o atendimento médico, sua melhoria sem preços e condições escorchantes, o movimento sindical deve ser um parceiro efetivo e atuante na luta pelo fortalecimento do SUS, que precisa de recursos, pessoal e instalações, valorizando os aspectos prevencionistas que não são contemplados pelos atuais planos médicos das empresas e que dizem respeito também à saúde dos trabalhadores e à prevenção de acidentes de trabalho.

João Guilherme Vargas Neto, Consultor de diversas entidades sindicais de trabalhadores.