Domingo espetacular – Josinaldo José de Barros (Cabeça)

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Tomo emprestado o nome de um programa tradicional da Record pra descrever o domingo, dia 21, véspera da Primavera.

E o que houve de tão espetacular no domingo passado? Houve manifestações populares em todo o Brasil contra o PL que visa anistiar os golpistas do 8 de janeiro de 2023 e também de repúdio à PEC que visa dar salvo-conduto geral a deputados e senadores.

Eu, pessoalmente, estou duplamente feliz. Estou feliz pelo exemplo de civismo dado por centenas de milhares de brasileiros e também porque estive lá, na avenida Paulista, no meio da multidão.

O que move essas multidões? 

1) O brasileiro não vai engolir uma lei aprovada na Câmara Federal ampliando de forma despudorada as prerrogativas de deputados e senadores, ainda que tenham cometido roubo, homicídio ou qualquer outro crime.

2) A população rejeita livrar de condenação aqueles maus brasileiros que quebraram o Congresso Nacional, a sede do Governo e o Supremo Tribunal Federal, dia 8 de janeiro de 2023. Até porque a Lei manda condenar.

Estive na avenida Paulista, em São Paulo, com uma delegação de nosso Sindicato. Fomos à manifestação pra também reafirmar a pauta da classe trabalhadora, que tem duas prioridades. Uma, a isenção do Imposto de Renda sobre salários até R$ 5 mil. Outra, o fim da escala 6×1.

A isenção do IR é compromisso eleitoral do então candidato Lula com as entidades sindicais. Para isso, Lula enviou Projeto de Lei para a Câmara. Mas os deputados enrolam e não votam a matéria. Menos imposto retido significa aumento no poder de compra da família trabalhadora.

Quanto à escala 6×1, é evidente que ela sacrifica o trabalhador. Imagine a mulher que, além de cuidar da casa e dos filhos, tem que trabalhar seis dias e folgar um só?! É uma escala muito pesada. Jornada mais humana significa mais saúde, mais descanso, mais tempo pra estudos e o convívio familiar.

Companheiros mais velhos comparam os atos do último domingo com as “Diretas Já”. Aquele foi um movimento de massa que empolgou todo o Brasil, já no final da ditadura. O slogan era simples e direto: “Eu quero votar pra Presidente!”

Após os atos em todo o País, dia 21, já tem deputado pedindo desculpas pelo voto dado à PEC da Impunidade e vários senadores estão afirmando que a matéria será rejeitada pelo Senado. Tomara que sim.

Mas gato escaldado tem medo de água fria. Por isso, a mobilização vai continuar, mantendo a pressão democrática e legítima sobre os supostos representantes do povo. Não vamos baixar a pressão, até que “PEC da Vergonha” (como disse a histórica deputada Luiza Erundina) seja arquivada definitivamente.

A democracia é um regime em que se pode muito, mas não se pode tudo. Nossos deputados e senadores precisam saber disso. Ou as ruas vão voltar a se encher de manifestantes.

Josinaldo José de Barros (Cabeça). Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região.