Eletrobras é nossa, diz engenheiro | “Água e energia devem ficar sob controle do Estado. País sem água é país pobre”. Com essas afirmações, o engenheiro elétrico Murilo Pinheiro, presidente do Sindicato no Estado de São Paulo (Seesp) e da Federação Nacional (FNE), explicita a posição da categoria acerca de dois setores na mira dos privatistas.
Quarta, dia 18, o Tribunal de Contas da União autorizou o governo Bolsonaro a privatizar a Eletrobras, responsável pela geração de 30% da energia no País. Em São Paulo, tenta-se também privatizar a Sabesp, a grande companhia de águas no Estado.
O ataque privatista à Eletrobras, que coordena, integra e maneja o sistema energético nacional, não ficará sem reposta. Parlamentares vão à Justiça tentar travar a venda. Servidores do setor recorrem a órgão regulador do mercado nos Estados Unidos. As entidades de Engenheiros também ingressarão na Justiça e atuarão dentro do Congresso Nacional.
Lucro – A privatização estimulará futuros compradores da Eletrobras, inteira ou partes, a maximizar os lucros. Murilo Pinheiro alerta: “Uma das consequências previsíveis é o aumento nas tarifas de energia para os consumidores”. E isso sem a exigência de que os donos invistam no sistema, modernizem equipamentos e construam usinas ou estações.
Outro problema apontado por Murilo Pinheiro é a desnacionalização. Ele diz: “No Estado de São Paulo, boa parte das usinas já pertence a empresas chinesas. Empresas estatais, até porque na China o setor energético é controlado pelo Estado”.
A privatização de um complexo nacional como a Eletrobras vai motivar toda sorte de jogadas na Bolsa de Valores. Os acionistas vão querer suas ações valorizadas e também buscarão obter o máximo na divisão dos dividendos. Isso só ocorre com tarifas mais altas.
Murilo Pinheiro não descarta a entrada de estatais chinesas no negócio. Ele lembra que a Guerra Rússia x Ucrânia tem a ver com o controle do comando energético. Segundo o líder dos Engenheiros, “países da Europa reveem suas políticas e reestatizam setores antes privatizados”.
História – A Eletrobras foi proposta por Getúlio Vargas em 1954, mas só viabilizada pelo presidente Jânio Quadros em 1961. Nesse período, conta Murilo, se tornou uma das maiores do mundo, formando gerações de técnicos e Engenheiros. “Com privatização e pulverização do sistema”, ele alerta, “toda essa expertise corre risco de se perder. Somos um país continental e o manejo da energia requer gente qualificada”.
O presidente da Federação Nacional dos Engenheiros também vê ameaças à soberania nacional. Ele diz: “Privatizar ou fragmentar o sistema Eletrobras significa abrir mão de uma política energética para nosso País, e energia limpa. Seria um imenso retrocesso”.
Negócio – Segundo Murilo Pinheiro, os privatistas ganharão muito se consumada a transferência da Eletrobras. “É um negócio excelente porque todo dia cai dinheiro no caixa das empresas”, observa. E esse dinheiro entra, como no caso das usinas privatizadas no Estado de São Paulo, sem a exigência de investimentos, obras e melhorias nas usinas e sistemas.
MAIS – Sites do Sindicato e da FNE. Leia artigo de Murilo Pinheiro.