No encerramento do XII Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse), de 17 a 19/9, a Plenária aprovou, por ampla maioria, a Carta do Evento, com importantes moções e propostas de ação à FNE.
A Plenária foi coordenada por Carlos Bastos Abraham. Relatoria dos diretores Elias Correa dos Santos e José Luiz Bortoli de Azambuja.
Entre as moções aprovadas, está a oposição ao desmonte da Eletrobras e demissões na empresa; apoio à continuidade do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, inclusive com versões regionais; engajamento dos Sindicatos na prestação de assistência técnica pública e gratuita à população de baixa renda; realização de cursos de reciclagem e formação sindical, além de ampla campanha nacional de sindicalização.
Confira a Carta do XII Conse:
Os engenheiros e as engenheiras, representantes dos 18 sindicatos filiados à Federação Nacional dos Engenheiros reunidos para o XII Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse), vêm afirmar as tarefas que consideram fundamentais à construção de um País desenvolvido, justo, democrático e soberano.
Em primeiro lugar, urgente é o fortalecimento do movimento sindical, essencial ao equilíbrio da relação capital-trabalho e parte integrante das sociedades democráticas. É preciso assegurar condições à atuação adequada das entidades, que devem ter fonte de custeio, representatividade garantida e possibilidade de interlocução junto às categorias representadas, aos poderes constituídos e à sociedade em geral.
No empenho de sanar graves problemas que afligem a população, há que se dar protagonismo à Engenharia e seus profissionais, implementando soluções que promovam os princípios presentes no projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”: expansão econômica com distribuição de renda, preservação ambiental e inclusão social.
Nessa ampla pauta, destaca-se como premente a instituição efetiva da Engenharia de Manutenção. Para tanto, as três instâncias administrativas (Município, Estado e União) devem implementar órgãos, com orçamento e quadro técnico próprios, voltados à manutenção preditiva, preventiva e corretiva de estruturas, edificações, vias, frotas, redes, instalações e demais bens físicos estatais, mantendo inventário atualizado e acessível de todo esse universo.
Esse esforço, cujo objetivo duplo é poupar recursos públicos e garantir a segurança dos cidadãos, deve ser feito levando em consideração o atual quadro de emergência climática e a necessidade de adaptação das cidades aos eventos extremos que serão cada vez mais frequentes e intensos, conforme alertam os especialistas.
Porém, ainda que desastres sejam inevitáveis, seguem mandatórias providências de mitigação da emissão de poluentes e da degradação, contexto em que se insere o papel da pesquisa e da tecnologia na promoção da sustentabilidade e geração de riqueza no campo. Setor crucial à economia nacional e à garantia de segurança alimentar, a agropecuária, em seus diversos modos de produção (orgânico, familiar, agroflorestal e de escala e amplamente tecnificado), precisa avançar e ganhar valor agregado, comprometendo-se verdadeiramente com a pauta ESG (ambiental, social e de governança).
Deve haver apuração e punição dos responsáveis por queimadas criminosas em várias partes do País, assim como aprimoramento do sistema de fiscalização que atue para coibir tais atentados que têm como vítimas o meio ambiente, a saúde pública, a segurança e a qualidade de vida das pessoas. Mas, juntamente com isso, há que se implementar no Brasil uma lógica de produção sustentável.
Ainda, questão candente a integrar a agenda da Engenharia nacional são as possibilidades de avanço geradas pelas novas tecnologias, que alteram de forma acelerada o modo de vida das pessoas e os modelos de produção e negócios. Nesse contexto, há que se dedicar atenção especial à chamada Inteligência Artificial, um dos pontos da transformação digital em curso na atualidade. A ferramenta, que traz oportunidades de ganhos de produtividade e saltos tecnológicos, não deve ser vista como ameaça à Engenharia e seus profissionais. Estes devem se qualificar para utilizá-la, com responsabilidade técnica e social.
Por fim, há que se assegurar a valorização dos engenheiros. Para dar a sua melhor contribuição, os profissionais precisam de remuneração justa, condições adequadas de atuação e autonomia técnica. Ressalta-se, portanto, a importância das bandeiras de luta em defesa do salário-mínimo profissional e pela criação da carreira pública de Estado para a categoria.
Lutemos juntos pelo País que almejamos e que os brasileiros merecem.
São Paulo, 19 de setembro de 2024.