Participei na última terça (dia 19), como debatedor, da mesa de um evento em homenagem à memória de Raphael Martinelli, ativista e dirigente sindical ferroviário, preso e torturado pela ditadura militar e militante durante toda sua vida ao longo de seus muitos anos.
Discutiram-se também os desafios atuais a serem enfrentados pelo movimento sindical dos trabalhadores.
Aconteceu no Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos – Sindnapi – FS (na antiga e famosa sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, na rua do Carmo) e a “nomenclatura” da mesa (seguindo a ordem fotográfica) retrata bem o alcance da homenagem e dos debates: Carolina Maria Ruy, do Centro de Memória Sindical, José Luiz del Roio, do Instituto Astrojildo Pereira, Sebastião Neto, do Instituto, Informações, Estudos e Pesquisas, Frei Chico, do Sindnapi, Rosa Martinelli, filha do homenageado, Almino Affonso, ministro do Trabalho de Jango (do alto dos seus 95 anos fez uma lúcida e memorável intervenção), Lincoln Secco, professor da USP e historiador consagrado, e eu mesmo.
No auditório, dirigentes sindicais, velha guarda (e nova guarda) de militantes, pesquisadores, estudantes e jornalistas acompanharam emocionados e atentos as inúmeras intervenções, filmes e fotografias depois de prestar homenagem, com um minuto de silêncio, a Arnaldo Gonçalves, comunista, dirigente sindical dos metalúrgicos, protagonista da Conclat e recentemente falecido.
O movimento sindical dos ferroviários, em particular a ação dos comunistas, foi essencial na história do sindicalismo brasileiro, como destacou o professor Lincoln, citando Caio Prado Júnior. A vida apaixonada de Raphael Martinelli, justamente homenageado, individualiza bem essa trajetória.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical