Não me refiro aos dois Brasis de Jacques Lambert – um país desenvolvido e um país subdesenvolvido – nem à casa grande e à senzala da Belíndia.
Refiro-me aos dois Brasis de hoje, um deles o Brasil dos brasileiros, dos milhões que sofrem desamparados a pandemia e se desesperam com ela e o Brasil dos políticos, dos que passam a boiada e alimentam as pautas diversionistas na mídia grande.
É o Brasil real, com suas necessidades e para o qual a VIA seria o caminho contraposto ao Brasil de costas para si próprio, encharcado das águas de Brasília e aprisionado em seus rolos sucessivos.
Infelizmente esta bolha política escandalosa contamina e perverte a própria oposição atônita e desorientada frente a cada novidade que aparece.
Fala-se da Câmara, do Senado e também do STF com riqueza de especulações, mas não se menciona a necessidade imperiosa de discutir e votar a MP 1.039 garantindo auxílio emergencial de 600 reais, amparo às pequenas empresas, renovação da lei Aldir Blanc e medidas efetivas de combate à pandemia (onde foi parar o Comitê da Pandemia?).
Felizmente ao longo dos últimos 12 meses o movimento sindical, tendo a VIA como sua pauta de reivindicações, tem se colocado junto do Brasil de milhões de brasileiros e tem resistido às tentações de ser engolido pela bolha, ao mesmo tempo em que procura furá-la levando a ela o dia-a-dia dos trabalhadores e suas expectativas.
Que o movimento sindical persevere, unido, nesta atitude e consiga em nome de milhões de trabalhadores que os políticos, os formadores de opinião, os empresários percebam que ainda é tempo – mas o tempo urge – de fazerem dos dois Brasis um só, a nossa pátria comum que superará a aflitiva e angustiante situação de hoje.
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