Estudo publicado terça (17), pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da USP, detalha que a reforma trabalhista de Michel Temer, aprovada em 2017, não apresentou efeito estatisticamente significante sobre a taxa de desemprego. Isto é, a reforma que geraria milhões de empregos, como amplamente divulgado à época, não gerou empregos.
Segundo os pesquisadores Gustavo Pereira Serra, Ana Bottega e Marina da Silva Sanches, o estudo levou em conta a taxa de desemprego do Brasil com a de outros 11 países da América Latina e Caribe, que não passaram por mudanças nas leis trabalhistas neste mesmo período.
Na combinação da taxa de desemprego com outras variáveis econômicas destes países, como o crescimento do PIB, inflação, câmbio e juros, eles chegaram ao que chamaram de “Brasil sintético”.
O resultado mostra que, entre 2018 e 2020, as taxas de desemprego no Brasil real e no sintético tiveram comportamento similar. “Os resultados não nos permitem afirmar que a reforma trabalhista de 2017 teve impacto significativo para o menor ou maior crescimento da taxa de desemprego no Brasil”, dizem os pesquisadores.
Ainda segundo eles, o discurso político em torno dos resultados da reforma na época da sua proposta não se realizou.
As taxas de desemprego em 2018 e 2019 foram relativamente maiores no Brasil real em comparação com o Brasil sintético.
No ano seguinte, porém, as trajetórias de alta foram equivalentes. Desta forma, o Brasil real acabou ficando com desemprego levemente acima, na comparação com o país simulado, que não passou pelo processo de reforma trabalhista.
Além de não ter apresentado melhora nos indicadores, a reforma também afetou diversos outros aspectos trabalhistas. “O mercado de trabalho brasileiro é marcado por problemas de informalidade e rotatividade que geram baixa produtividade, além de uma grande desigualdade da renda do trabalho”, concluem os pesquisadores.
Estudo – Clique aqui e acesse na íntegra.