Reverter fuga de cérebros para desenvolver o País – Murilo Pinheiro

0
27

Programa do governo nessa direção vai ao encontro do que propugna o projeto “Cresce Brasil” e precisa não só ser perene, como ir além. Somado a isso, é premente formar mais e melhor engenheiros e, então, reter esses profissionais no País, com remuneração justa e valorização profissional.

 

Pesquisadores e cientistas brasileiros que residem em 34 países serão trazidos de volta ao Brasil para desenvolver seus projetos. Essa ação alvissareira vai ao encontro de demanda fundamental expressa reiteradamente nos últimos anos pelo SEESP e Federação Nacional dos Engenheiros (FNE): a necessidade de combater a “fuga de cérebros” e garantir os engenheiros que o País precisa para se desenvolver.

O anúncio foi feito pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 3 de junho último, ao divulgar o resultado final da chamada de Atração e Fixação de Talentos do programa “Conhecimento Brasil”.

Por meio dessa iniciativa, conforme informação oficial, serão destinados R$ 604 milhões à contratação de 599 projetos de pesquisadores nacionais radicados no exterior ou que tenham concluído doutorado ou pós-doutorado fora do Brasil. A maioria virá dos Estados Unidos, seguida da Alemanha, França, Portugal e Inglaterra.

Os recursos são provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). É a terceira chamada desde que o programa foi lançado, em julho de 2024, revelando o interesse de mais de 2.500 desses profissionais que vivem e atuam hoje em 56 países de retornarem a sua terra natal.

A medida começa a dar passos na direção de solucionar um grave problema. Estimativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, divulgada pela mídia e organizações científicas, é que aproximadamente 35 mil pesquisadores brasileiros com mestrado e doutorado deixaram o País nos últimos anos em busca de melhores oportunidades. Reverter esse quadro requer que o programa, que prevê repatriar mil pesquisadores e cientistas ao investimento de R$ 1 bilhão, seja não só perene, como vá muito além.

Avançar no estímulo ao retorno dessa mão de obra amplamente qualificada no Brasil é ainda inseparável da premência por formar mais e melhores engenheiros e, então, retê-los no País, com remuneração justa e valorização profissional. É o que propugnam a FNE e o SEESP por meio do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”. Este é passo decisivo para assegurar desenvolvimento nacional sustentável com inclusão social.

Murilo Pinheiro. Presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp) e da Federação Nacional da categoria (FNE).