A pandemia de Covid-19 provocou o fechamento de 39,4% das 1,3 milhão de empresas que encerraram suas atividades, temporária ou definitivamente, na primeira quinzena de junho. Os dados são da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Segundo o IBGE, no total foram 522,7 mil negócios encerrados no período. Quase que a totalidade (99,2% ou 518,4 mil) destas empresas eram de pequeno porte, com até 49 empregados. Destas, 258,5 mil (49,5%) pertenciam ao setor de serviços. Na outra metade, 192 mil (36,7%) eram do comércio; 38,4 mil (7,4%) da construção; e 33,7 mil (6,4%) da indústria.
Para Rodolfo Viana, técnico da subseção do Dieese no Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, a pandemia encontrou no Brasil uma economia muito fraca. Na avaliação do economista é preciso facilitar o acesso ao crédito.
“O governo precisa tratar a questão do crédito mais como uma subvenção econômica, em que você usa sem maiores dificuldades. Os instrumentos normais que demandam análises, garantias, fluxo de caixa, não são condizentes pro momento”, ele analisa.
Rodolfo diz que a intenção do governo nunca foi salvar as pequenas. Ele lembra a reunião ministerial de 22 de abril, quando Paulo Guedes defendeu ajudar apenas as grandes empresas. “Torna difícil não acreditar que existe mesmo uma intenção de não se esforçar pra evitar quebra de micro e pequenas. O que é um problema, pois o ministro da Economia não deveria olhar pra sociedade da mesma maneira que um executivo de banco olha pra sua carteira de clientes”, critica.
Empregos – A situação se reflete no mercado de trabalho. Mais de 60% das empresas mantiveram o número de funcionários na 1ª quinzena de junho em comparação com o início de março. Outros 34,6% indicaram redução no quadro de empregados. Das companhias que diminuíram, a maior parte (mais de 32%) cortaram de 26% a 50% a quantidade de funcionários.
Segundo Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e UGT, o resultado já era esperado. Ele afirma que, desde o começo da pandemia, as Centrais Sindicais têm criticado a demora do governo em oferecer assistência e recursos para as pequenas empresas.
“O governo é o responsável por essa quantidade absurda de morte de empresas e pelos empregos perdidos. Isso é resultado da incapacidade política e econômica de fazer frente aos impactos da pandemia. Infelizmente já prevíamos isso”. Ele completa: “Países como Alemanha e Argentina deram exemplos nesse sentido, oferecendo recursos para a sobrevivência das pequenas empresas”.