Uma semana inteira pra Vladimir Herzog

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O assassinato do jornalista Vladimir Herzog, no Doi-Codi, SP, dia 25 de outubro de 1975, gerou o primeiro abalo nas estruturas da ditadura civil-militar, implantada em 1º de abril de 1964. Em 13 de dezembro de 1968, com o Ato Institucional nº 5, o regime oficializou a violência de Estado.

O terror pesou sobre amplos setores sociais (sindicalismo, preferencialmente). O regime perdia base social e apelava pra violência. Em 1974, o MDB obteve ampla vitória nas eleições parlamentares. O Partido elegeu 335 deputados estaduais, 160 federais e 16 senadores, em 22 Estados. O resultado surpreendeu a ditadura. E a ditadura foi à forra.

A ditadura viu na derrota a mão experiente do PCB (Partido Comunista Brasileiro), cuja política de frente ampla isolou o regime. A partir de então, se agravou a caça aos comunistas ou simpatizantes. O jornalista Vladimir Herzog, da TV Cultura, foi uma dessas vítimas. O regime tentou falsear seu assassinato, produzindo um laudo fraudulento expedido pelos médicos Arildo de Toledo Viana, Armando Canger Rodrigues e Harry Shibata.

O caso gerou ampla indignação e marcou a luta pela redemocratização. Mais de 8 mil pessoas se reuniram na Catedral da Sé para a missa de sétimo dia em homenagem a Herzog. Ação foi conduzida por Dom Paulo Evaristo Arns (cardeal), Henry Sobel (rabino) e Jaime Wright (reverendo), com apoio decisivo do jornalista Audálio Dantas, então presidente do Sindicato da categoria em SP.

Celebrações – Passadas cinco décadas, a mesma Catedral da Sé receberá, sábado (25), a partir das 19 horas, o evento “50 Anos por Vlado – Ato Inter-religioso em Homenagem a Todos os Familiares de Mortos e Desaparecidos”. Organização é da Comissão Arns e do Instituto Vladimir Herzog.

Lideranças religiosas, amigos e familiares de Vlado e de outras vítimas da ditadura, políticos e artistas estarão presentes na celebração, que é aberta ao público. A programação prevê manifestações inter-religiosas de Dom Odilo Pedro Scherer, da reverenda Anita Wright (filha de Jaime Wright) e do rabino Ruben Sternschein.

Também ocorrerão apresentações musicais e a exibição de vídeos especialmente produzidos para a ocasião – como a leitura, pela atriz Fernanda Montenegro, de uma carta de Zora Herzog, mãe de Vlado.

MoraisEm vídeo, o jornalista Fernando Morais, amigo de Vladimir Herzog, relembra o clima político que o País vivia. Ele diz: “A reação à morte de Vlado foi o primeiro raio de sol da redemocratização brasileira. Agora, 50 anos depois, vamos homenagear a memória dele e de todas as vítimas da ditadura. Na democracia o único pecado mortal é o esquecimento. Juntos, somos mais fortes. Juntos, somos invencíveis”.

Dossiê – O Instituto Vladimir Herzog produziu um dossiê que resume a trajetória e o legado de Vlado. Ele pode ser acessado pelo link: https://drive.google.com/file/d/1vehTIEaNIuoy1n4SmR-u2hKFWizhignC/view?pli=1

MAIS – Sites da Comissão Arns e do Instituto Vladimir Herzog.