O uso constante da internet expõe crianças e jovens a uma rede de sedução, que pode se tornar fatal. Na semana, em que o massacre na escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, completa 12 anos, precisamos repensar a educação, para que nossos filhos e netos não sejam tragados e moldados pelo novo mundo virtual.
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O atentado, ocorrido em 7 de abril de 2011, matou 12 adolescentes e deixou mais de 20 feridos. E mesmo, assim, não aprendemos com esse trágico acontecimento.
Na semana passada, um adolescente, de 13 anos, matou uma professora a facadas e feriu outras cinco pessoas em uma escola em São Paulo. Um dia após esse ataque, outro adolescente de 15 anos, foi preso ao tentar esfaquear colegas de turma, numa escola na Zona Sul do Rio de Janeiro. O triste, é que a frequência dos ataques tem aumentado. Nos último oito meses, foram nove atentados e sete mortes, incluindo os dois episódios da semana passada.
Pesquisa recente da USP (Universidade de São Paulo) mostra que os ataques seguem o mesmo padrão. Jovens cooptados pela extrema direita antecipam os seus ataques pela internet, transformam em mártires outros agressores e usam símbolos neonazistas em seus passeios pelas redes sociais e aplicativos de conversas. O levantamento também aponta, que os ataques estão geralmente ligados ao bullying e a períodos de exposição virtual prolongados.
O medo da violência faz com que os pais pensem que, na solidão da telinha, os filhos estão mais seguros. Contudo, os perigos que seriam encontrados nas ruas são transportados para dentro das residências. Segundo relatório da TIC Kids Online Brasil, cerca de 90% das crianças e dos adolescentes brasileiros acessam diariamente a internet; o restante não o faz por falta de condições.
No Brasil, não há centros de pesquisa para estudar e combater a radicalização, o extremismo e o terrorismo, assim como em outros países. Sendo assim, é crucial a criação de políticas para capacitar e ensinar as comunidades escolares e familiares a identificarem alterações comportamentais nos jovens e a analisarem o conteúdo digital consumido por crianças e adolescentes.
A criação de grupos terapêuticos e espaços de acolhimento em escolas, com a presença permanente de psicólogos especializados, poderia ajudar a prevenir esse tipo de problema. No entanto, a programação do Ministério da Saúde para ações do Plano Nacional de Educação nas escolas, em 2023 e 2024, não incluiu atividades de prevenção e promoção de saúde mental.
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Nada é mais forte que a própria existência, por isso devemos estar atentos para não criar uma geração de “Avatar”.
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O acesso indiscriminado de crianças e jovens à internet cria um mundo paralelo de seres invisíveis e deprimidos, que não se reconhecem mais no espelho. Precisamos calar as vozes do silêncio que empurram as nossas crianças à escuridão.
Eusébio Pinto Neto, presidente da Fenepospetro