O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, elevou a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual. Agora, a Selic chega a 7,75% ao ano. Segundo o Comitê, essa medida se dá após o clima de incerteza criado pelo drible no teto de gastos para o novo Auxílio Emergencial em ano eleitoral.
Documento do Copom afirma que, apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, são avaliados recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal.
“Elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação”, diz a Nota.
A próxima reunião do Comitê, em dezembro, já encomendou mais 1,5% pra cima na taxa Selic.
Além dessa alta na taxa básica de juros, a inflação estoura a meta. A previsão para este ano já chega a 9,5%, bem acima dos 3,75% previstos no início de 2021. A elevação na taxa de juros serve para tentar esfriar a economia e conter a inflação.
Para o economista Rodolfo Viana, responsável pela subseção do Dieese no Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, essa forma de conter a inflação é equivocada. “Seria razoável se a inflação fosse de demanda, ou seja, se estivéssemos consumindo mais do que conseguimos produzir”, afirma.
Segundo Rodolfo, o erro dessa medida é porque a inflação no Brasil é de custos. “Então, o problema de fato não será atacado.
O resultado será menos emprego e crescimento”, avalia o economista.
Força – Miguel Torres, presidente nacional da Força Sindical, emitiu Nota criticando a atuação do Copom em elevar a taxa básica de juros. “É importante ressaltar que o aumento tem se mostrado um instrumento pouco eficaz no combate à inflação. Encarece o crédito pra consumo e investimentos, causa mais desemprego, queda de renda e piora o cenário da economia”, explica o dirigente.
Na visão de Miguel, essa crise é dolorosa para a classe trabalhadora, que ainda por cima sofre com o desemprego e amargam essa alta na taxa Selic, enquanto a renda fica cada vez mais concentrada nas mãos de banqueiros e especuladores financeiros.
“Defendemos que a resposta pra crise é o governo retomar a política de redução na taxa de juros e um projeto de desenvolvimento sustenção com geração de empregos”, conclui Miguel Torres.