Sábado (7), manifestantes se reuniram na sede da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, para pedir a preservação do acervo do órgão. O ato ocorreu dez dias depois do incêndio que destruiu um galpão e o material estocado.
Dentre as palavras de ordem, muitas críticas foram direcionadas ao presidente Jair Bolsonaro e ao secretário especial de Cultura do governo, Mario Frias. Para os manifestantes, o governo federal é o responsável direto pela tragédia.
Carlos Augusto Cailil, presidente da Sociedade Amigos da Cinemateca, afirma que os atos em São Paulo e outras capitais mostram o sentimento em relação ao órgão. “As manifestações confirmam o sentimento de que a causa pela sobrevivência é um apelo pela valorização do patrimônio cultural ameaçado”, conta.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica de SP, RS, MT, MS, TO e DF (Sindcine), o incêndio ocorrido no dia 29 de julho não foi um acidente, mas um crime premeditado. “Quando se cria todas as condições para que um acidente aconteça, isso não é mais um acidente, é um crime”, informou a entidade em Nota.
Descaso – Essa não foi a primeira vez que a Cinemateca sofreu pelo descaso do governo federal. Em 2016, um incêndio destruiu cerca de 500 obras do acervo. Em 2020, um temporal alagou o galpão que pegou fogo no mês passado.
A instituição não possui um gestor desde 31 de dezembro de 2019, quando se encerrou o contrato entre o governo e a Organização Social Associação Comunicação Educativa Roquette Pinto.
O ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub decidiu não renovar o contrato, deixando a Cinemateca em um barco furado.
Desde então, funcionários denunciam a crise enfrentada, sem recursos para pagamento de salários e de contas de água e energia, além do fim dos contratos com a brigada de incêndio e a equipe de segurança.
Para Sonia Santana, presidente do Sindcine, a Cinemateca sofreu abandono. “Para este governo, tudo o que não lhe agrada deve ser destruído”, afirma a dirigente.
MAIS – Acesse o site do Sindcine.