Na noite de quinta (29), um incêndio atingiu um galpão da Cinemateca Brasileira, situado na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica de SP, RS, MT, MS, TO e DF (Sindcine), não se trata de um acidente e, sim, de um crime premeditado.
De acordo com o Sindcine, o maior acervo cinematográfico da América do Sul era abrigado no espaço. Cerca de 250 mil rolos de filme estavam no local.
“Quando se criam todas as condições para que um acidente aconteça, isso não é mais um acidente, é um crime”, diz o Sindcine em Nota conjunta com o Stic (Sindicato Interestadual dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual).
A capitã do Corpo de Bombeiros, que trabalhou na operação para conter o incêndio, relata que o fogo começou em uma das salas de acervo histórico no primeiro andar, após uma empresa terceirizada prestar serviços de manutenção nos aparelhos de ar-condicionado.
A Cinemateca é administrada pela Secretaria Especial de Cultura, do governo federal. Em Nota, a Secretaria afirmou que “lamenta profundamente” o ocorrido.
Para o Sindcine, o incêndio tem o objetivo de apagar o passado do País e fazer com que fatos, ideias e pessoas que não agradam o atual governo deixem de existir. “Para este governo, tudo o que não lhe agrada deve ser destruído”, diz o documento das entidades sindicais. Sonia Santana, presidente da entidade, afirma: “O governo abandonou a Cinemateca”.
Abandono – Em reportagem do portal G1, o Ministério Público Federal de SP ingressou com ação na Justiça, em 2020, contra a União por abandono da Cinemateca Brasileira. A Promotoria questionou a falta de contrato para gestão da instituição.
Na ação, o MPF destacou problemas como risco de incêndio, falta de vigilância, atrasos em contas de água e luz, além do atraso no pagamento de salários.
O Sindcine critica o posicionamento da Secretaria de Cultura, que no dia seguinte ao incêndio publicou edital para gestão da Cinemateca, que está sendo mantida pela Sociedade Amigos da Cinemateca desde o início de 2020, quando encerrou o contrato da Associação Comunicação Educativa Roquette Pinto, que mantinha o local.
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