Saiu a nova pesquisa do Datafolha. O Instituto, desde a eleição presidencial de 1989, é o que menos erra. A análise é feita por Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, e Alessandro Janoni, diretor de Pesquisas.
Pesquisa, entre 7 e 8 de julho, com 2.074 pessoas, em 146 municípios.
Reprovação – Jair Bolsonaro chegou a 51%, a pior marca desde o início do mandato, em janeiro de 2019. Eram 45% no levantamento de maio. Já 24% aprovam a gestão, mesmo índice de maio. Os que a consideram regular caíram de 30% em maio pra 24%.
DADOS PRINCIPAIS
• Ótimo/bom: 24%. Regular: 24%. Ruim/péssimo: 51%; Não sabe: 1%.
Análise – Bolsonaro fecha o primeiro semestre com aumento de quase 20 pontos na reprovação, ao se comparar com o Datafolha em dezembro.
A tendência, até o final de 2020, mostrava a opinião pública em três conjuntos que se polarizavam por inércia, em um cabo de guerra entre economia e pandemia. O quadro mudou com a explosão das mortes por Covid-19, da crise sanitária e Auxílio Emergencial muito baixo.
Avaliação negativa é praticamente o dobro da positiva.
A percepção de descontrole com o colapso na saúde e o ritmo lento da vacinação provocaram já no primeiro trimestre deste ano um acúmulo de 12 pontos na rejeição. Em estratos com maior escolaridade e renda já se observava, em março, avaliação negativa majoritária.
Agora, com mais de 500 mil mortes pela doença e com denúncias de corrupção no Ministério da Saúde, investigadas pela CPI, Bolsonaro passa a ser reprovado pela maioria absoluta da população. Entre os que acompanham a CPI, a reprovação é superior em quase 10 pontos à verificada entre os que a desconhecem.
O reflexo mais simbólico do fenômeno encontra-se na matriz de imagem do presidente. Em abril de 2019, a maioria o considerava muito inteligente, sincero, decidido e preparado, apesar de o enxergarem como defensor dos ricos.
Em meio à primeira onda da pandemia, em junho passado, com o discurso negacionista e apoio a atos antidemocráticos, Bolsonaro passou a ser considerado pela maioria como pouco inteligente, indeciso e despreparado, mas era tido com honesto pela maior parte.
Desonesto – Na pesquisa atual, a associação do presidente a atributos negativos se intensificou e ele passa a ser classificado inclusive como falso. O estrato que mais cresceu nesse período (12 pontos) refere-se à parcela que o chama de desonesto (52%).
Entre os que tomaram conhecimento das denúncias de irregularidades na compra de vacinas, esse índice supera a média em oito pontos; entre os que não ouviram falar das suspeitas, ele é menor em 18 pontos.
Mesmo entre os que o elegeram, há parcela significativa que o julga incompetente, despreparado para o cargo, pouco inteligente e autoritário.
Há aparente refluxo no contingente de bolsonaristas fiéis – devotos do presidente segundo escala elaborada pelo Datafolha (votaram nele, o aprovam e confiam em tudo que ele diz). Sempre aparecia nas pesquisas com percentuais próximos a 15%. Agora, apresenta-se abaixo dessa média de quatro a seis pontos percentuais.
Dos 24 pontos de popularidade que ele alcança, 15 referem-se a brasileiros que o julgam bom e apenas 9 que o consideram ótimo, posição mais frequente entre empresários e evangélicos.
Dentre os 51% que o reprovam, 11% provêm dos que o chamam de ruim e 40% dos que o classificam como péssimo – postura comum entre mais escolarizados, desempregados e funcionários públicos.
Em termos políticos, o tempo que falta para a eleição presidencial de 2022 é uma eternidade.
Mudanças em diferentes cenários, do econômico ao social, podem alterar o quadro, mas há fatos e imagens que o eleitor dificilmente esquece, e a CPI no Senado tem os revelado aos montes.
LULA – Pesquisa XP mostra Lula com 49% das intenções de voto e Bolsonaro com 35%.
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