Natural de Apartadó, a 485 quilômetros de Medellín, e morador no Brasil desde 1995, o colombiano Ortelio Palacio Cuesta é sindicalista que conhece de perto a realidade dos trabalhadores de seu país. Essa realidade pode mudar. É o que ele espera com a eleição do economista Gustavo Petro à presidência da República.

Ortelio falou com exclusividade à Agência Sindical. Petro recebeu apoio em massa do sindicalismo colombiano, que sofre as agruras de um país fortemente controlado pela extrema direita e os paramilitares. “Será uma missão difícil, mas confio na capacidade da chapa eleita em dialogar com a sociedade e o Congresso Nacional”, afirma.

Para o dirigente, essa vitória quebra um paradigma histórico, já que a Colômbia é um país de forte política conservadora. “Parecia impossível de ser quebrado. Isso significa uma mudança importante. Ele ganhou com propostas de cunho social, de fortalecer os programas sociais e reduzir a grave desigualdade que afeta a população”, explica.

Tarefas – Na visão de Ortelio, Gustavo Petro foi eleito com uma plataforma de maior proximidade do movimento sindical colombiano. Apesar disso, para que o novo presidente colombiano consiga emplacar projetos que reduzam o desemprego e a desigualdade no país, terá de dialogar com o Congresso. E isso não será tarefa fácil.

“Ele não tem maioria no Congresso. Quando foi prefeito de Bogotá, sofreu impeachment. Não por corrupção, mas porque há um sistema muito difícil de governabilidade na Colômbia, que tem a maioria da população conservadora. É um desafio muito grande, mas torço pra dar tudo certo”, conta Ortelio.

Pacto – “Gostei do discurso de vitória dele, o qual ele conclamou um pacto político nacional de governabilidade. No primeiro discurso ele deixou claro que tem suas propostas sociais”, avalia o sindicalista.

Desigualdade – “A Colômbia tem um histórico de desigualdade social e é um país com déficit muito grande de desemprego. Temos que ver como ele fará rodar a economia, se o principal da economia colombiana segue sendo serviços, agropecuária. É uma economia primária. Será uma situação que ele vai ter que negociar. Tudo depende de negociação com o Congresso”, conclui Ortelio Palacio Cuesta.

Nota – A ADS emitiu Nota no domingo à noite, logo após a confirmação da vitória de Petro. No documento, a entidade informa que espera do novo governo uma política com prioridade nos empregos, inclusão social, distribuição de renda, negociações coletivas, paz e desenvolvimento sustentável. Clique aqui e leia.