Com a flexibilização da quarentena anunciada pelo prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), motoristas e cobradores passaram a enfrentar uma situação perigosa em meio à pandemia do novo coronavírus, devido à superlotação nos transportes públicos.
O presidente do Sindicato da categoria (Sindmotoristas), Valmir Santana da Paz (Sorriso), alerta que o aumento de pessoas nos ônibus eleva o risco de contágio, podendo contribuir para uma nova explosão de casos da Covid-19. “Temos exigido e cobrado da Prefeitura e dos empresários as ações pra garantir a segurança dos trabalhadores e da população. Milhares de vidas humanas estão em jogo”, afirma.
Protestos – O Sindmotoristas tem inclusive realizado atos nos terminais, a fim de alertar os usuários para a situação. Portando faixas, os condutores fizeram manifestações na tarde da terça (9) nos terminais de ônibus mais movimentados da cidade de São Paulo. A categoria cobra que toda a frota seja colocada em circulação, para evitar que os coletivos percorram as linhas superlotados.
Luiz Gonçalves (Luizinho), presidente da Nova Central São Paulo e também diretor do Sindicato, reforça a principal reivindicação da categoria: 100% da frota nas ruas. “Um veículo tem que sair do terminal com passageiros sentados e outro vazio, para embarcar as pessoas que estão nos pontos.
Não adianta ele sair apenas com passageiros sentados e embarcar outros tantos no trajeto”, argumenta.
O dirigente explica que o Sindmotoristas defende ainda a implantação de proteção de acrílico pra separar motoristas e cobradores dos passageiros.
Sindicalistas têm fiscalizado a saída dos ônibus das garagens pra verificar se o uso de Equipamentos de Proteção (EPIs) está sendo adotado corretamente. Luizinho comenta: “Tudo isso representa um custo que nem a Prefeitura nem os empresários estão dispostos a pagar. Quem paga são os trabalhadores e a população, expostos à contaminação em coletivos lotados”.
Frota ampliada – Os protestos da categoria tiveram como primeiro resultado o aumento do número de veículos em circulação. A partir da quarta (10), o sistema passou a contar com 92,31% da frota habitual de antes da pandemia. Segundo a SPTrans – São Paulo Transporte, gerenciadora do sistema, são 945 ônibus a mais em circulação.
Com isso, o número total de veículos nas ruas subiu para 10.123. Segunda (8), foram colocados 9.178 veículos em circulação ou 71,62% da frota operacional nos dias úteis pré-quarentena. Na sexta (5), circularam 8.394 veículos (65,5% da frota de ônibus da capital paulista de um dia útil de antes da pandemia).