Notícia boa não falta. É só publicar – João Franzin

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Como em todo lugar do mundo, o Brasil sofre o impacto das boas e das más notícias. Das más, principalmente.

Isso se deve a várias razões. Uma delas é a polarização política criada. Outra é o fato de que, nos últimos anos, a direita conseguiu impor sua narrativa, utilizando com muita agilidade as mídias sociais. Além, claro, do apoio solidário da grande imprensa, que é essencialmente classista.

A força desse padrão de comunicação atua em dois movimentos. Um faz sumir as notícias boas, enquanto outro superdimensiona as notícias ruins.

Veja: as grandes notícias de sexta-feira (27/9) foram a nova queda no desemprego e o aumento na renda assalariada, segundo pesquisa do IBGE. Porém, boa parte do espaço midiático acabou ocupada com o tema da jogatina, de bets etc.

Já a divulgação do bilionário investimento anunciado pela Microsoft no Brasil, que pode gerar empregos e reforçar nossa economia, só teve alguma repercussão pelo esforço do próprio ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.

Então, o que leva setores progressistas, a própria mídia sindical e partidos de esquerda a cair nessa arapuca de não enfatizar o positivo, ou seja, massificar as boas notícias?
Será que esse segmento se descolou da realidade? Será que esses setores avaliam o mundo a partir de seus conceitos? Não seria mais certo formular seus conceitos a partir do entendimento da realidade concreta, do mundo real?

Estamos às vésperas de eleições importantes, em todo o território nacional, e numa fase culminante do debate eleitoral. Observe que acusações mais duras não têm atraído eleitores, mesmo quando se busca associar eventual candidato ao PCC. Esse tipo de ataque não derruba o sujeito atacado. Na verdade, o povão mesmo não está nem aí, desde que o PCC não importune suas vidas cotidianas e, de preferência, continue ajudando a resolver as miudezas que vão surgindo na quebrada.

Sou de esquerda, mas não tenho o direito de ignorar a realidade. A direita soube encampar pautas que ganham corações e mentes. Em São Paulo, Nunes, Marçal e a candidata do Novo somam perto de 50% dos votos. Já o candidato que se coloca à esquerda tem patinado nos 24/25% das preferências, se tanto.

A meu ver, Guilherme Boulos erra ao querer debater tudo ao mesmo tempo, no curto prazo de uma campanha eleitoral. Penso que sua campanha (ou mesmo de outro candidato) deveria pegar três temas e compromissos, martelando até o ferro esquentar.

No caso de Boulos, sugiro: 1) Explicar que irá melhorar o transporte público com mais ônibus, mais trens e menos tempo gasto nos deslocamentos (menos sofrimento, portanto, para os passageiros); 2) Explicar como na prática funcionaria sua proposta do Poupatempo da Saúde; 3) De que forma sua gestão pode gerar, e em quanto tempo, novos e mais empregos na periferia, principalmente para os jovens.

Tudo isso, claro, devidamente massificado nas redes sociais do candidato e seus aliados, repercutido pelos ativistas da candidatura e muito bem explicado nos debates que os veículos de comunicação têm promovido.

Caso prevaleça a lógica adotada pela direita (ou seja, minimizar os fatos positivos da vida nacional e ressaltar os acontecimentos negativos – por meio de memes, cortes etc.), levaremos goleada nas eleições de 6 de outubro.

João Franzin, Jornalista da Agência Sindical.
Email: franzin56@gmail.com