Vírus da intolerância! Quando o Coronavírus chegou forte no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro fez pouco caso da doença. Com suas falas provocativas, e contrárias à orientação da ciência, ele induziu muita gente a acreditar que a doença era só uma “gripezinha”.
O fato real é que até domingo, dia 10, o Brasil registrava 674 mil mortos pela Covid-19. Foram contaminadas 32,9 milhões de pessoas, muitas das quais ficaram com sequelas graves. Quantos teriam se salvado se o Presidente tivesse sido prudente e apoiado a vacinação? Milhares!
Mas, lamentavelmente, há outros vírus infectando o País: o da intolerância. O assassinato de um Guarda, sábado, dia 30, em sua casa, por um agente penitenciário, bolsonarista e alucinado, merece ser analisado com cuidado e indignação.
Afinal, a vítima estava em sua própria casa onde comemorava o aniversário. Segundo publica o Estadão, o agressor gritava: “É Bolsonaro, seus desgraçados”. E mais: “Eu vou voltar e vou matar todos vocês”. Voltou, atirou e matou.
É natural que as pessoas debatam política e defendam com vigor seus candidatos. Mas a arma da política são os argumentos e não as balas. O ardor das discussões democráticas jamais pode ser substituída pelo ódio e a bestialidade.
Bolsonaro tem responsabilidade nisso? Evidentemente. Vale lembrar a cena chocante em que ele, em plena Marcha pra Jesus, simulou uma situação que parecia estar atirando em alguém caído. Vale lembrar também seu apego às armas e do estímulo ao armamento da população.
Essa pregação pró-armas contraria a doutrina cristã. Depois, ela é uma forma malandra do governo lavar as mãos, não investir em segurança pública e dizer ao cidadão: – Compre uma arma e se vire. Eu pergunto: Cadê o Estado pra combater o crime e proteger a população?
Certa feita, num bate-boca na Câmara, o então deputado federal virou-se pra uma parlamentar que lhe criticava e despejou: “Eu não te estupro porque você não merece!” Será que esse demente tem ideia do quanto sofre a mulher vítima de estupro, da tragédia familiar que se instala com esse crime, do trauma para o resto da vida?
Então, a culpa da violência no Brasil é do presidente da República? Não e sim. Não porque a violência, no campo e na cidade, decorre da omissão do Estado, da impunidade dos criminosos e da profunda injustiça social que afeta nosso povo. E sim, porque a fala do mandatário maior da Nação tem peso e influência junto à opinião pública. Além do que alimenta fake news e estimula o ódio nas redes sociais.
PAZ – Sem paz não há democracia. Sem tolerância não existe civilidade. Sem respeito à vida, prevalece a selvageria animalesca e primitiva.
Há poucas semanas, no Amazonas, executaram e barbarizaram um jornalista inglês e um indigenista brasileiro que só queriam preservar os índios e a natureza. Desse jeito, onde vamos parar?
Clique aqui e leia mais artigos de Josinaldo Barros (Cabeça).