21.7 C
São Paulo
terça-feira, 10/12/2024

Vírus da intolerância!

Data:

Compartilhe:

Vírus da intolerância! Quando o Coronavírus chegou forte no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro fez pouco caso da doença. Com suas falas provocativas, e contrárias à orientação da ciência, ele induziu muita gente a acreditar que a doença era só uma “gripezinha”.

O fato real é que até domingo, dia 10, o Brasil registrava 674 mil mortos pela Covid-19. Foram contaminadas 32,9 milhões de pessoas, muitas das quais ficaram com sequelas graves. Quantos teriam se salvado se o Presidente tivesse sido prudente e apoiado a vacinação? Milhares!

Mas, lamentavelmente, há outros vírus infectando o País: o da intolerância. O assassinato de um Guarda, sábado, dia 30, em sua casa, por um agente penitenciário, bolsonarista e alucinado, merece ser analisado com cuidado e indignação.

Afinal, a vítima estava em sua própria casa onde comemorava o aniversário. Segundo publica o Estadão, o agressor gritava: “É Bolsonaro, seus desgraçados”. E mais: “Eu vou voltar e vou matar todos vocês”. Voltou, atirou e matou.

É natural que as pessoas debatam política e defendam com vigor seus candidatos. Mas a arma da política são os argumentos e não as balas. O ardor das discussões democráticas jamais pode ser substituída pelo ódio e a bestialidade.

Bolsonaro tem responsabilidade nisso? Evidentemente. Vale lembrar a cena chocante em que ele, em plena Marcha pra Jesus, simulou uma situação que parecia estar atirando em alguém caído. Vale lembrar também seu apego às armas e do estímulo ao armamento da população.

Essa pregação pró-armas contraria a doutrina cristã. Depois, ela é uma forma malandra do governo lavar as mãos, não investir em segurança pública e dizer ao cidadão: – Compre uma arma e se vire. Eu pergunto: Cadê o Estado pra combater o crime e proteger a população?

Certa feita, num bate-boca na Câmara, o então deputado federal virou-se pra uma parlamentar que lhe criticava e despejou: “Eu não te estupro porque você não merece!” Será que esse demente tem ideia do quanto sofre a mulher vítima de estupro, da tragédia familiar que se instala com esse crime, do trauma para o resto da vida?

Então, a culpa da violência no Brasil é do presidente da República? Não e sim. Não porque a violência, no campo e na cidade, decorre da omissão do Estado, da impunidade dos criminosos e da profunda injustiça social que afeta nosso povo. E sim, porque a fala do mandatário maior da Nação tem peso e influência junto à opinião pública. Além do que alimenta fake news e estimula o ódio nas redes sociais.

PAZ – Sem paz não há democracia. Sem tolerância não existe civilidade. Sem respeito à vida, prevalece a selvageria animalesca e primitiva.

Há poucas semanas, no Amazonas, executaram e barbarizaram um jornalista inglês e um indigenista brasileiro que só queriam preservar os índios e a natureza. Desse jeito, onde vamos parar?

Clique aqui e leia mais artigos de Josinaldo Barros (Cabeça).

Josinaldo - Cabeça
Josinaldo - Cabeça
Josinaldo José de Barros (Cabeça), presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região Email - josinaldo@metalurgico.org.br

Conteúdo Relacionado

É preciso coibir a violência na PM – Paulo Viana “Paulão”

Idosa agredida alerta para necessidade de coibir a violência da PM. Reprodução redes sociaisTrês lamentáveis episódios envolvendo a polícia militar de São Paulo ocorridos...

Prosperidade fortalece luta por direitos – Eusébio Neto

Nada é simples na vida, especialmente no que diz respeito à obtenção de direitos. A história mostra que a evolução da humanidade demanda dedicação,...

Um espólio deixado por Bolsonaro – Antonio Rogério Magri

A violência policial em São Paulo e o legado de Bolsonaro. Os episódios de violência ocorridos na Polícia Militar e na Guarda Civil Municipal...

Partidos de esquerda precisam reciclar – Luís Alberto Alves

A derrota dos partidos de esquerda nesta eleição precisa servir para reciclagem de propostas. Nos erros existem mecanismos para conquistar a próxima vitória. É...

Salário e Direitos Humanos – Josinaldo José de Barros

Este meu texto se dirige a dois grupos integrantes do setor metalúrgico: 1) Aos trabalhadores da categoria; 2) Aos empregadores.Aos primeiros peço que exijam...