Alternativa de enfrentamento da crise climática vem sendo colocada em debate pela FNE e seus sindicatos filiados a partir da parceria com a GIZ, agência alemã de cooperação internacional com foco no desenvolvimento sustentável. Terceiro seminário da série sobre o tema acontece em Belém, na manhã desta terça-feira (28/5).
Não cumpridas com a antecedência devida, as tarefas de garantir a mitigação do aquecimento global, por meio da redução efetiva das emissões de gases de efeito estufa, e promover a adaptação dos espaços urbanos aos eventos climáticos extremos inevitáveis não são mais adiáveis.
A tragédia ainda em curso no Rio Grande do Sul, iniciada com os temporais de um mês atrás e cujas consequências ainda não foram plenamente dimensionadas, é demonstração cabal da urgência em tomar providências para proteger vidas e poupar o patrimônio público e privado da destruição.
Parte significativa dessa missão é buscar a transição energética, tornando possível reduzir e finalmente abandonar o uso de combustíveis fósseis, dos quais a humanidade ainda é extremamente dependente.
Uma das alternativas nesse sentido é desenvolver a tecnologia para produção e utilização do hidrogênio verde, que pode ter inúmeras aplicações, especialmente nos setores em que a eletrificação é considerada mais difícil, entre os quais o transporte rodoviário e a indústria de fertilizantes, englobando áreas que demandam atenção nas emissões brasileiras.
Um passo à frente nessa discussão técnica de alto nível acontece nesta terça-feira (28/5), a partir das 9 horas, em Belém, no seminário “Hidrogênio verde e descarbonização da economia – Possibilidades para o Estado do Pará”. A atividade, que terá transmissão online, dá sequência à série que já passou por São Paulo e Porto Alegre e é promovida pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado do Pará (Senge-PA) e pela Agência de Cooperação Alemã (GIZ), responsável pela implementação do projeto H2Brasil.
Ponto fundamental a alicerçar essa parceria e o trabalho da GIZ no Brasil é a matriz energética nacional, em grande parte renovável. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), são 48,4% de fontes limpas, contra a média mundial de 15%. Na geração de eletricidade, a participação das fontes limpas salta para 92%, conforme informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CEEE) referentes a 2022.
Considerando que ainda há enorme possibilidade de crescimento em alternativas como fotovoltaica, eólica e biomassa, o Brasil pode seguramente exercer papel de relevância no esforço mundial da transição energética, com destaque para a produção de hidrogênio de baixo carbono ou totalmente verde. Avanço regulatório importante nesse contexto é o projeto de lei dos “combustíveis do futuro”, já aprovado na Câmara dos Deputados e que também deve passar pelo Senado.
Outro motor e incentivo crucial ao desenvolvimento do hidrogênio verde no Brasil é a engenharia nacional instalada e a possibilidade de avanços, com inovação tecnológica. Os investimentos na produção dessa energia, além de cumprirem papel importante na descarbonização da economia, podem propiciar a geração de empregos de alto nível.
Ou seja, a engenharia tem protagonismo também nessa missão. Vamos juntos reconstruir o Rio Grande do Sul e trilhar o caminho da sustentabilidade em todo o País.
Eng. Murilo Pinheiro, Presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (Seesp) e da Federação Nacional da categoria (FNE).