Arrocho atinge em cheio o assalariado. Cerca de 56% dos reajustes data-base setembro, analisados até a primeira quinzena de outubro, ficou abaixo da inflação pelo INPC. Segundo o Dieese, é o terceiro pior resultado no ano. O banco de dados é o Sistema Mediador do Ministério do Trabalho.
Informa o boletim “De olho nas negociações” que em setembro houve reajustes iguais à inflação em 34,4% dos casos; acima, 9,4%. Melhorou o quadro dos resultados da data-base agosto, com aumento de 20 pontos percentuais nas categorias com reajustes iguais ao INPC e redução equivalente daquelas com perdas reais. Em relação ao painel dos reajustes de 2021, até setembro, 49% ficaram abaixo do INPC, 33,5% igualaram e 17,1% ficaram acima da inflação.
Crescem os parcelamentos. Até setembro, 9% dos reajustes foram parcelados. Em 2019 e 2020, haviam sido 2,3%.
Inflação – É ascendente, dificultando as negociações do segundo semestre. Na data-base outubro, INPC atinge 10,78%.
As negociações na indústria obtêm o maior percentual com aumento real; comércio, maior proporção de resultados iguais à inflação. Setor de serviços: perdas reais em 61% dos casos.
Região – Categorias do Sul mantêm melhor desempenho. Ganhos reais em 32% dos casos; iguais à inflação, 42%. Centro-Oeste: reajustes abaixo do INPC, 71% das negociações.
CCTs e acordos – As Convenções mostram desempenho ligeiramente melhor, somados conjuntamente os reajustes iguais e acima do INPC; já os acordos coletivos registram proporção ligeiramente maior nos ganhos reais.
Análise – Luís Augusto Ribeiro da Costa está no Dieese há 20 anos. Atua no levantamento dos dados e na análise. Além do arrocho na massa salarial, o técnico alerta que as “perspectivas não animam, porque em pouco tempo a inflação corrói a recuperação”. Uma das novidades, ruins, por sinal, aponta, é o “aumento no parcelamento dos reajustes, reflexo da conjuntura muito desfavorável”. O panorama? “Inflação seguirá alta e a recuperação do emprego será lenta”, diz.
Mais informações – www.dieese.org.br