Mortes por má nutrição – Artur Bueno de Camargo

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Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde dobrou o número de mortes, nos últimos 30 anos, decorrentes de doenças não contagiosas, como pressão alta, doenças cardíacas, câncer e diabetes, chegando a 17 milhões de mortes por ano. São doenças causadas, em grande medida, pela má nutrição.

Este número é mais que o dobro de mortes por COVID 19, que foram de cerca de sete milhões.

A obesidade também é uma preocupação, consequência da má nutrição. Os EUA tinham uma taxa de 10 % de população obesa, em meados dos anos 1970. Hoje, cerca de 40% de toda população estadunidense sofre com obesidade, que também causa problemas de saúde sérios e diversos.

Segundo publicação da ONU – Organização das Nações Unidas, os impactos da má nutrição na saúde humana e no meio ambiente chega a um custo próximo de 20 trilhões de dólares.

Existem mais de 7.000 produtos disponíveis para consumo humano, sendo que cerca de 400 podem ser cultivados. Apesar disso, 90% da alimentação humana atualmente está baseada em cerca de 15 produtos, sendo que 60% da população se satisfaz com cerca de apenas 4 produtos alimentícios na sua dieta. Os números demonstram como falta variedade e a grande distância entre a produção alimentar e o prato das pessoas.

Penso que todas essas contradições absurdas passam pela falta de políticas públicas que proporcione educação alimentar, além da necessidade clara de uma melhor distribuição de renda que possibilite ao consumidor o acesso a alimentos mais saudáveis e diversificados. Fica óbvio que a base alimentar das pessoas baseia-se pelos produtos mais baratos que são, quase sempre, os mais processados e menos saudáveis.

Existem alternativas, mas os governantes parecem desconhecer ou ignorar. Já passou da hora de existir uma política de impostos sobre alimentos que seja proporcional ao acesso e à qualidade desses alimentos; quanto mais saudáveis e nutritivos, menos impostos. Seria uma maneira de fazer chegar às mesas das pessoas alimentos que melhorem sua nutrição e saúde.

A quem interessa que as pessoas continuem se alimentando mal e adoecendo?

Fica a reflexão.

Artur Bueno de Camargo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação (CNTA Afins).