Considerados trabalhadores de serviços essenciais, os metroviários de São Paulo enfrentam um cenário dramático na pandemia da Covid-19. Além de defender suas vidas, colocadas em risco durante o cumprimento das atividades, eles ainda têm que lutar contra tentativa do governo do Estado de retirar direitos históricos da categoria.
Quem conta é Elaine Damásio, coordenadora de Comunicação do Sindicato da categoria. Ela participou segunda (13) da live na Agência Sindical e falou sobre a situação. Segundo Elaine, a empresa se negou a adiar as negociações da Campanha Salarial para o pós-pandemia e, inclusive, apresentou uma proposta com a retirada de diversos direitos como horas extras, adicional noturno e plano de saúde.
Ela conta que, até para garantir o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) básicos para a categoria, a entidade precisou entrar com ação judicial. “Pra você ter noção do nível de valorização que o governo tem com os metroviários”, disse.
PRINCIPAIS TRECHOS:
Higienização – “Dentro das estações e dos vagões não existe higienização conforme orienta a OMS (Organização Mundial da Saúde). Nós reivindicamos o teste para todos os funcionários. Mas isso não foi feito. Não há testagem nem para o grupo de risco”.
Infectados – “Criamos uma comissão para fazer uma balanço sobre os contaminados. Tivemos de óbito de trabalhador na ativa, um mecânico de manutenção do Pátio Itaquera e uma funcionária do Sindicato. Mas o Sindicato foi efetivo desde o início da pandemia. Tivemos que entrar na Justiça até para garantir os EPIs básicos para categoria”.
Afastados – “O metrô conseguiu cassar a liminar que mantinha as pessoas do grupo de risco afastadas e passou a convocar funcionários com mais de 60 anos para trabalhar. Entramos com denúncia e orientamos quem tivesse nesse cenário para que não fosse trabalhar”.
Greve – “O Acordo Coletivo da categoria venceu dia 30 de abril. Nossa primeira reivindicação foi negociar pós-pandemia, mas o metrô não aceitou. Não reivindicamos aumento, apenas a manutenção dos direitos. Mas na primeira reunião já fomos informados que seriam retirados direitos, como adicional risco de vida e redução drástica de hora extras. Por isso, estamos em estado de greve”.
Reconhecimento – “Queremos negociar. Temos 8 mil trabalhadores na categoria, 300 já foram contaminados e continuamos prestando um serviço de qualidade. E a resposta do governo é a retirada de direitos”.
Privatização – “No metrô é um assunto dramático. Porque prestamos um serviço social e de qualidade. Estamos preparados para dar toda assistência ao usuário que necessite. Já salvamos até vidas”.
Sociedade – “Temos que fazer esse debate na sociedade. Tem pessoas que moram no extremo das periferias, tentamos dialogar com esse público os prejuízos que traria a privatização. A mídia não faz esse debate. Fica mais difícil, porque não conseguimos conscientizar e ganhar a sociedade, que se informa pelos grandes meios de comunicação. Temos um bom exemplo na Argentina, onde privatizaram o metrô e a sociedade foi pra rua pedir pra estatizar”.
Live – Clique aqui e assista à entrevista na íntegra.