Há sete anos, o Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro saía do controle familiar da antiga direção e voltava para as mãos da categoria. Nessa mudança, foi decisiva a atuação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB.
A vitória viria estabelecer uma forte base de ação da CTB, ensejando seu crescimento no Estado.
A última semana marcou dois avanços importantes: a filiação do Sindicato dos Servidores da Previdência e também a vitória da Chapa 2 no Sindicato Sul Fluminense dos Metalúrgicos, em cuja base se encontram CSN, Peugeot, Volkswagen, entre outras empresas.
Motivos – A Agência Sindical entrevistou Ronaldo Luiz Leite, dirigente do setor dos Correios. Ele já presidiu a Central no Rio de Janeiro e hoje é secretário-geral nacional. Leite analisa o contexto que propiciou a vitória numa entidade com cerca de 60 mil trabalhadores em Volta Redonda, Barra Mansa, Resende, Itatiaia, Quatis, Porto Real e Pinheiral.
Em abril, ele conta, os trabalhadores fizeram greve na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), mas não obtiveram apoio do Sindicato. “Isso desgastou a direção sindical e a afastou da base”. Trabalhadores foram demitidos e, segundo Ronaldo Leite, “não tiveram o necessário apoio da direção, gerando grande descontentamento na base trabalhadora”.
Esse desgaste se materializou na eleição, na última semana de julho. A Siderúrgica reúne 2.805 sindicalizados do total de 3.771 listados para o pleito. A Chapa 2, liderada pela CTB em aliança com o Conlutas, obteve 1.212 votos ou 67,1% do total. A situação (Chapa 1) recebeu 335 votos (18,5%). Já a chapa cutista, número 3, teve 230 votos (12,7%).
Não só a greve. Perdas de conquista, avalia o dirigente cetebista, também fizeram a diretoria do Sindicato perder as condições de liderar a categoria. Um dos problemas é o Plano de Saúde, antes nacional, trocado por um Plano local e precário. Também há problemas quanto ao banco de horas.
Ronaldo Leite adianta que, entre as metas dos eleitos, além do Plano de Saúde nacional, está a solução do turno.
“Antes, era de seis horas. Mas a empresa, sem resistência da direção sindical, aumentou pra oito horas”. Não será fácil retomar o sistema antigo.
Mas haverá luta nesse sentido, afirma o dirigente. A categoria também cobra o retorno ao trabalho dos grevistas demitidos pela CSN e ainda a melhoria do nível salarial. “A empresa arrochou principalmente as funções de nível técnico”, ele explica.
MPT – O processo eleitoral no Sindicato de Volta Redonda e região foi acompanhado de perto pelo Ministério Público do Trabalho. O próprio doutor Ronaldo Lima dos Santos, responsável pela Conalis (Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical), ficou na cidade nos dias de pleito. “Isso reforça a transparência do processo eleitoral”, diz o dirigente da CTB.
Os metalúrgicos elegeram Edimar Pereira Leite, futuro presidente, e Odair Mariano da Silva, vice. Ambos se destacaram na greve na CSN, em abril, gerando forte reação na empresa. Odair e outros companheiros da comissão foram demitidos e reintegrados – a batalha segue na Justiça. Segundo Ronaldo Luiz Leite, a atual diretoria do Sindicato aposta na judicialização das eleições. Mandato se encerra em 9 de setembro.
Futuro – Edimar Pereira Leite chama a categoria à sindicalização e aponta para o fortalecimento do Sindicato junto às bases. Ele diz: “Vamos construir a maior família metalúrgica da nossa história.
Mas nosso trabalho está apenas começando. Temos um grande caminho pela frente, mas juntos nós vamos fazer uma grande mudança, porque a hora é da mudança”.
Servidores – O secretário-geral da CTB aponta que a Central cresce também no funcionalismo. “Temos recebido a filiação de diversas entidades ligadas ao funcionalismo municipal”, afirma.
Presidente – A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil é presidida por Adilson Araújo, bancário da Bahia.