Dentre os diversos desafios que o Movimento Sindical terá de enfrentar em 2022, as eleições de outubro serão especialmente decisivas para o futuro da democracia no país. Mesmo em meio a difíceis negociações salariais, por vezes em cenários de estagnação econômica e insistentes ataques aos direitos trabalhistas, o processo eleitoral deve ocupar grande centralidade na pauta do Movimento Sindical brasileiro, pois o resgate de uma democracia forte, popular e representativa, em muito depende das eleições deste ano.
As pesquisas de intenção de votos têm mostrado a perda de popularidade de Bolsonaro em contraste ao fortalecimento da candidatura do ex-presidente Lula. Finalmente vislumbramos uma possibilidade de mudança dos rumos políticos e econômicos tomados pelo país desde o impeachment da presidenta Dilma em 2016, o que, entretanto, não torna a tarefa de disputa eleitoral na base menos árdua. O debate público não será fácil, tanto pelo agora reduzido – mas insistente – eleitorado bolsonarista, quanto pelas alternativas de “terceira via” forjadas por parte do empresariado nacional.
Para encarar este enorme desafio entendo que o Movimento Sindical deva priorizar a construção em unidade de uma candidatura expressiva, bem como apresentar ao conjunto da classe trabalhadora um projeto de desenvolvimento econômico construído a partir do diálogo social e da identificação das reais necessidades do povo brasileiro. No processo eleitoral que disputaremos este ano, o Movimento Sindical pode ser a ponte para um projeto popular que não aceita o retrocesso social, que não admite a volta do Brasil ao mapa da fome, que não permite a ampliação da população vivendo nas ruas e que não consente ao desprezo pela vida que marca o desgoverno de Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.
Para colocar fim aos anos de retrocesso dos governos Temer e Bolsonaro, o Movimento Sindical tem de construir uma agenda de desenvolvimento industrial setorialmente articulada com a agricultura, comércio e serviços, capaz de retomar a atividade econômica de modo sustentável. Precisamos propor um programa de valorização do Sistema Único de Saúde e da educação em todos os níveis, para que a inclusão social seja feita de maneira ampla e eficaz para todas as gerações. Assim se torna incontornável enfrentar o debate público sobre o retrocesso da política do teto de gastos, da revisão através do diálogo das reformas trabalhista e previdenciária, do fim da política de valorização do salário mínimo, da destruição das áreas de preservação ambiental, da política de preços internacionais da Petrobras e o consequente abandono da soberania nacional.
Muito distante do governo Bolsonaro – que ainda este ano criou barreiras para impedir que pais e responsáveis pudessem vacinar e proteger seus filhos da Covid-19 – o Movimento Sindical esteve, e está, na linha de frente do combate à pandemia, tanto na disponibilização de suas estruturas físicas quanto nas campanhas de solidariedade no combate à fome. Mesmo sendo diretamente atacado desde à Reforma Trabalhista de 2017, as entidades sindicais assumiram no contexto da pandemia um papel fundamental de negociação e fiscalização para preservação de emprego, renda e condições dignas de trabalho.
O reconhecimento social e o enraizamento popular dos sindicatos nos colocam em uma posição estratégica para a disputa eleitoral de 2022, assim como para a construção da democracia brasileira. Precisamos ocupar este importante papel de oposição ao negacionismo em curso, combatendo todo tipo de autoritarismo e criando assim condições para a eleição de candidaturas trabalhistas e sindicais verdadeiramente representativas no Congresso Nacional. A alternativa proposta pelo Movimento Sindical passa necessariamente pelo diálogo, pela unidade e pela democracia. Uma construção amparada pelas bases populares que reivindica a solidariedade, o resgate da humanidade, saúde, educação, segurança, combate à miséria, geração de emprego, renda e a conquista de direitos sociais e trabalhistas.
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