Em meio à pandemia, tanto a saúde pública quanto às condições de saneamento básico no País poderiam estar melhores se tivessem sido feitos, ao longo dos últimos anos, os investimentos necessários nessas áreas essenciais.
A avaliação é de Silvana Guarnieri, vice-presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado SP no Grande ABC, em live intitulada “Saneamento, saúde e pandemia”, realizada terça (2) pela Agência Sindical. A transmissão marca atividade pela Semana do Meio Ambiente – de 1 a 5 de junho.
Engenheira civil e sanitarista, ex-vice-prefeita de Diadema, Guarnieri apontou a ausência de políticas públicas efetivas para assegurar a universalização do saneamento básico, inclusive no que concerne a resíduos sólidos. “Acredito que o próprio povo não cobra definitivamente essa questão.”
Ela afirmou que departamentos de água e esgoto já existiam em quase todas as cidades do País nos anos 1920 e 1930. A despeito disso, sua cidade – Diadema -, por exemplo, tinha 99% de abastecimento de água, mas apenas 14% de tratamento de esgoto em 2013 – hoje está na faixa dos 56%. “Houve melhora da qualidade em alguns indicadores, principalmente na parte da água. Já há menos doenças em função disso, porque lá uma das demandas da população sempre foi saúde. Não é um dos melhores do País pela demanda de médicos e demais profissionais da área que queiram trabalhar na cidade.”
Os indicadores refletem realidade nacional: segundo o Instituto Trata Brasil, no País somente 46% do esgoto é tratado; na região Sudeste, a média é de 50,09%. Quanto ao abastecimento de água, são quase 35 milhões de brasileiros ainda sem acesso.
A dirigente observou ainda a ausência de sistemas bem definidos em relação a resíduos sólidos, cujo acondicionamento do material, reciclagem e destinação adequada também são explicitados com a pandemia.
Como afirmou Guarnieri, as propostas e protagonismo dos engenheiros à universalização do saneamento, com os devidos investimentos e planejamento, constam do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) com a adesão de seus sindicatos filiados, entre os quais o Seesp.
Segundo salientou, inversões em tal infraestrutura tem potencial na retomada do desenvolvimento nacional. Tais obras envolvem engenharia civil, uma das que mais geram empregos, com “benefícios econômicos e à saúde no País”.
SUS – Agravante, sobretudo em tempos de pandemia, é que também não foram feitos, conforme Guarnieri, ao longo dos últimos 15 a 20 anos, os investimentos necessários no Sistema Único de Saúde (SUS), “grande legado do povo brasileiro”. “Jamais deveríamos ter abandonado, e houve um certo relaxamento nessa política. Espero que melhorem as condições com a pandemia, que levou à reavaliação do sistema e sua demanda.”
Guarnieri lembrou que mesmo aqueles que podem dispor de convênios médicos utilizam o sistema, por exemplo quando vão tomar vacina em postos de saúde. “Sou grande defensora do SUS, atende toda e qualquer pessoa, sem distinção. Poderia ser melhor se houvesse os investimentos necessários”, reiterou. Franzin ratificou e complementou: “Todo mundo usa o SUS, que paga transplante, tratamento oncológico.”
Há, como concluiu, muito a fazer. Positivo, frisou, é que há capacidade técnica para tanto e vontade popular.
Mais – Clique aqui e assista á live na íntegra.
Fonte: Seesp