Engenharia precisa de mais mulheres – Murilo Pinheiro

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Nesta segunda-feira (23), celebrou-se o Dia Internacional das Mulheres na profissão. A data é oportuna para celebrar os avanços conquistados e para refletir sobre como conquistar a equidade de gênero na área tecnológica.

Muito se avançou no Brasil e no mundo desde que as primeiras mulheres desbravaram sua entrada no mundo da engenharia e abriram caminho para muitas outras ocuparem esse espaço que legitimamente lhes pertence.

Nacionalmente, a pioneira foi Edwiges Maria Becker Hom’meil, formada em 1917 na instituição que depois se tornaria a Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Poli/UFRJ). Um pouco mais à frente, em 1945, Enedina Alves Marques formou-se pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), tornando-se a primeira mulher a obter o diploma no Estado e a primeira engenheira negra do País.

Nos Estados Unidos, destaca-se a história, por exemplo, de Edith Clarke, que se graduou pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) em 1919 e se notabilizou por criar a calculadora Clarke, que simplificou cálculos complexos, antes feitos manualmente, relativos a linhas de transmissão elétrica.

Na passagem de mais um Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, celebrado nesta segunda-feira (23/6), vale homenagear o que essas figuras de destaque conquistaram, assim como o avanço observado ao longo do último século, com a presença feminina na profissão deixando de ser um fato extraordinário.

Contudo, cabe também uma reflexão que leve a ações consistentes para ampliar a equidade de gênero nas profissões da área tecnológica, ainda excessivamente masculinas. Conforme dados do Sistema Confea/Crea, atualmente há 1.177.195 profissionais registrados no País. Desses, 939.231 são homens, ante uma minoria de 237.964 mulheres. Ou sej, seguimos nos 20% observados há tempos.

Ainda, segundo análise do Censo da Educação Superior 2023 feita pela Mira Pesquisa para o SEESP, apenas 27% dos graduados nas engenharias eram mulheres. Na grande área Engenharia, Produção e Construção, o número melhora um pouco e fica em 34%. No entanto, é ainda pior em Computação e TIC, em que as formandas representaram 17,4%, justamente no segmento que hoje oferece muitas oportunidades.

Conforme dados do Fórum Econômico Mundial divulgados pela Society of Women Engineers (SWE), no âmbito global o quadro é ligeiramente melhor, mas também exige medidas significativas: as mulheres representam apenas 28,2% da força de trabalho nas áreas STEM (sigla em inglês que engloba ciências, tecnologia, engenharia e matemática). Ainda, segundo o Instituto da Unesco para Estatísticas, as mulheres detêm menos de um terço dos cargos em pesquisa e desenvolvimento em mais de 40 países incluídos no levantamento.

É preciso transformar essa realidade de atraso, assegurando acesso, permanência e oportunidades de ascensão na carreira às mulheres.  O SEESP mantém seu compromisso inequívoco com essa agenda, inclusive por meio do Núcleo da Mulher Engenheira (NJE), não só para fazer justiça, mas também porque o País e o mundo precisam da participação dessas profissionais para fazer frente às demandas do desenvolvimento sustentável.

Nossas homenagens às engenheiras!

Eng. Murilo Pinheiro – Presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo