Diante da intransigência da direção da Metrô-SP, que insiste em cortar salários e retirar direitos, metroviários de São Paulo iniciam paralisação por tempo indeterminado, a partir desta terça (28). A decisão foi aprovada em assembleia virtual na noite de segunda, dia 27.
Desde março, o Sindicato dos Metroviários tenta, sem sucesso, negociar com a empresa a prorrogação do Acordo Coletivo e a manutenção dos direitos até o final da pandemia da Covid-19.
Segundo Wagner Fajardo, coordenador do Sindicato, apesar dos apelos da categoria, considerada essencial, a empresa se manteve intransigente e avançou em seus ataques. Ele afirma: “Fomos pegos de surpresa. Na quinta (23), pouco antes da meia noite, o Metrô enviou mensagem eletrônica aos funcionários informando o corte de 10% nos salários”.
TRT – Em audiência realizada nesta segunda (27), entre trabalhadores e a empresa, a Justiça do Trabalho de São Paulo (TRT-2) estabeleceu regras para a paralisação. De acordo com determinação do desembargador-Relator Fernando Álvaro Pinheiro, 95% dos serviços deverão funcionar no horário de pico (das 6 às 9 horas e das 16h30 às 19h30) e 65% nos demais horários.
Em caso de descumprimento por culpa dos metroviários, o sindicato poderá ser multado em R$ 150 mil por dia e se a culpa for do Metrô, a pena se eleva para R$ 500 mil.
Para Fajardo, o Metrô não mostra disposição. Ele relata: “O Metrô não aceitou nem a proposta do procurador do Trabalho, Ronaldo Lima, que prevê a suspensão temporária de alguns benefícios”. Após seis meses, os valores seriam pagos.
Crise – A crise financeira e diminuição da demanda ante à pandemia da Covid-19, é a desculpa da empresa pra reduzir direitos e salários. No entanto, o Sindicato rebate esse argumento e pede ainda o corte dos “supersalários” da diretoria da companhia. “Seriam em torno de 400 funcionários nesta situação”, diz em nota.
A entidade também propôs a liberação das catracas, sem a cobrança de tarifa, ao invés de paralisar o sistema. A proposta foi recusada pela companhia.