Getúlio Vargas sempre falou bem. Registre-se que, ao escrever, nunca lhe faltaram estilo, clareza, ênfase e agudo senso de responsabilidade cívica.
Tenho em mãos o Volume II da série A Nova Política do Brasil – “O ano de 1932, A Revolução e o Norte e 1933”. Uma das partes trata da chamada revolução constitucionalista de 1932, quando São Paulo se levantou em armas contra o governo central, então no Rio de Janeiro.
Na primeira mensagem, “A Revolução Paulista”, o Presidente, em julho de 1932, torna público o “Manifesto à Nação”. Nele, Getúlio mostra infundadas as razões do levante paulista: “Se o movimento sedicioso, agora ateado ao Grande Estado, se pretende emprestar, como querem fazer crer seus promotores, o objetivo de levar à Nação a normalidade institucional, nada há que o justifique”.
Em seguida, relaciona as medidas do governo central, entre as quais, ele anuncia: “acaba de ser designada a Comissão incumbida de elaborar o projeto de Constituição”. As normas eleitorais já haviam sido promulgadas. A data das eleições também estava definida.
Em 20 de setembro de 1932, já senhor de toda a conjuntura militar, econômica e política, Getúlio retorna com novo Manifesto. Agora, “Ao povo de São Paulo”. Ele pergunta: “Sob o aspecto dos interesses civis de São Paulo, que pleiteiam?” E argumenta que “tudo isso já estava alcançado; governava-os um interventor civil e paulista, um secretariado escolhido na frente única”.
Getúlio, no Manifesto, lembra também que tirou o Estado da gravíssima crise cafeeira, livrando São Paulo da bancarrota. E adverte: “Não pode vencer quem, para fazer vingar seus objetivos escusos, não hesita em ameaçar a própria unidade da Pátria”.
A certa altura, esgrimindo palavras, Getúlio Vargas qualifica de “empreiteiros do caos” os que fomentam o levante, não sem avisar o povo paulista que o governo central está atento para suprir a população do “stock paulista de trigo”.
Pois bem. Quem nós derrotamos em 2022? Exatamente os “empreiteiros do caos”, civis ou paisanos, que deixaram morrer mais de 700 mil na Pandemia, arrocharam salários, agrediram a Previdência, sujaram o País com rachadinhas e milícias assassinas, roubos de joias e, por fim, com uma tentativa frustrada de golpe de Estado.
Lula não é Getúlio. Mas os empreiteiros do caos estão aí, instigando nas redes sociais, achacando no ambiente político e esparramando fake news, mesmo com um PIB positivo de 3,5%, a indústria batendo recordes de exportação e o menor desemprego desde 2012.
João Franzin, jornalista da Agência Sindical









