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quinta-feira, 10/07/2025

Renovar as esperanças no Bicentenário

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A aguardada comemoração dos 200 anos da Independência do País, completados nesta quarta-feira, 7 de setembro, acontece, sem dúvida alguma, em momento difícil da vida nacional. No entanto, há que se celebrar o que foi construído ao longo desses dois séculos, reconhecendo os problemas, mas sem abandonar as esperanças de erigir a nação justa, democrática, próspera e desenvolvida tão sonhada.

Os avanços nesse período foram sempre arduamente conquistados, com muita luta e trabalho, sangue, suor e lágrimas do povo brasileiro. E ainda há um extenso caminho a ser percorrido. O horror da escravidão, que vigia no País em 1822, levou 66 anos para ser abolido oficialmente, mas sua herança nefasta faz-se presente até hoje, quando ainda está por se cumprir a tarefa fundamental de acabar com o racismo e a desigualdade.

Nossa democracia, atropelada por várias ditaduras, tornou-se mais forte a partir do fim do período de exceção entre 1964 e 1985 e da promulgação da Constituição Federal de 1988, mas não está livre de ameaças e ainda carece de consolidação plena. É certamente necessário aprimorar a representação política, que tanto tem deixado a desejar, e a prestação de contas de governantes, que frequentemente se esquecem que são servidores da população, e não o contrário.

Aproximando-se de eleições gerais – direito que foi negado à sociedade brasileira durante os anos de regime autoritário –, é obviamente motivo de júbilo a possibilidade de escolher presidente, governadores, deputados e senadores. É neste momento absolutamente valioso que os cidadãos se igualam; o voto do milionário vale tanto quanto o do mais humilde dos trabalhadores. Porém, o exercício da cidadania deve ir além das urnas; é preciso estabelecer mecanismos efetivos de participação popular no rumo das cidades, dos estados e do País.

A democracia certamente exige a existência de poderes independentes e o funcionamento pleno das instituições que asseguram o império da lei e a garantia de direitos sobre privilégios. No entanto, um país que realmente seja do povo e para o povo deve ser capaz de assegurar condições dignas de vida a todos, com empregos decentes, habitação, saúde, educação, cultura, lazer e infraestrutura adequada. Ou a democracia será apenas formal, beneficiando somente os mais abastados.

Murilo Pinheiro – Presidente do Sindicato dos Engenheiros.
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