Tenho insistido em que as direções sindicais aproveitem o que resta do ano para se aproximar da base utilizando todos os recursos da comunicação eletrônica e forçando (com segurança sanitária) a comunicação presencial.
Uma nova motivação para isto acaba de acontecer com a publicação, pelo Dieese, do boletim “De olho nas negociações”.
Nele, totalizados os resultados das negociações salariais de 2020, até outubro, quase metade delas não conseguiu repor a inflação e as que conseguiram, ou empataram ou avançaram muito pouco.
Foi um ano atípico, com as maiores dificuldades causadas pela pandemia, pelo desemprego e pela desorganização das relações do trabalho, que levou milhares de trabalhadores a apelarem para a Justiça do Trabalho.
Pela primeira vez rompeu-se o equilíbrio entre o aspecto institucional e o aspecto movimentista da ação sindical; praticamente não houve companhas salariais (assembleias, greves, mobilizações, distribuição de jornais, portas de fábrica e de outros locais de trabalho) reduzindo-se as negociações às reuniões virtuais (e raras presenciais) entre os dirigentes sindicais dos trabalhadores e as direções sindicais patronais e de empresas. Estas, também pressionadas pela conjuntura negativa, dificultaram ao máximo as condições da negociação e quando se engajaram foram mesquinhas em consentir resultados favoráveis aos trabalhadores.
Quando estes são bons falam por si mesmos. Quando – como este ano – eles são precários e foram obtidos em negociações sem a participação efetiva e presencial dos trabalhadores (no Paraná, por exemplo, o Ministério Público do Trabalho tenta criminalizar as assembleias presenciais dos trabalhadores) é preciso um esforço adicional de explicação que esclareça as dificuldades, o que se preservou em ganhos sociais e o próprio papel institucional do sindicato.
Mais que nunca é preciso subir às bases, já que as notícias não são as melhores e exigem explicações circunstanciadas e convincentes.