É dramática a situação de uma boa parte do Rio Grande do Sul. A economia do Estado foi duramente atingida. Milhares de famílias perderam tudo. Ainda não se sabe quantas vidas foram varridas pelas águas. Mas o número, seguramente, passa de 100.
Em contato com sindicalistas gaúchos, ficamos sabendo que várias sedes de Sindicatos nem existem mais e terão de ser reconstruídas. Várias pequenas cidades também sumiram por completo e terão de ser erguidas em pontos mais altos ou simplesmente deixarão pra sempre o mapa do Estado.
A hora, agora, é de solidariedade. As forças organizadas da sociedade estão mobilizadas. O próprio MST (Movimento dos Sem Terra) tem mantido em funcionamento 24 horas as chamadas cozinhas solidárias, onde preparam refeições e quentinhas pra atender a imensa legião de flagelados.
Um dirigente informa que as pessoas precisam neste momento de tudo o que é básico: comida, roupa, sabonete, papel higiênico, pasta de dentes e outros produtos do dia-a-dia.
Os governos também têm agido, cada qual com seus recursos. O próprio presidente da República já esteve duas vezes no Estado e mandou montar três bases operacionais em pontos diferentes do Rio Grande. Uma das prioridades é limpar trechos de estrada, remover barreiras, pra restabelecer o trânsito ainda que de modo precário. Os Bombeiros e as Forças Armadas também se desdobram pra salvar vidas e evitar maiores tragédias.
Perguntamos a esse companheiro sindicalista quanto tempo levará a reconstrução. Ele: – “Se tiver muito dinheiro e recursos investidos, um ano. Se não, vamos levar vários anos pra restabelecer a situação”. Ele informa que muitas fábricas foram arrasadas e mesmo que a água baixe os trabalhadores não terão mais onde voltar a trabalhar.
Ser solidários e ágeis na ajuda aos irmãos gaúchos não tira nosso direito de perguntar por que esse é terceiro ano de fortes estragos e perdas num dos Estados mais desenvolvidos do Brasil. E aí o cenário começa a se complicar.
É evidente que muito da tragédia se deve à própria ação humana, à derrubada de matas, à ocupação de várzeas, ao assoreamento de rios, à invasão de encostas, enfim, ao desrespeito à topografia dos terrenos e aos abusos contra a natureza. Basta dizer que grande parte da área devastada se situa no vale do Rio Taquari. A elevação do nível desse e de outros rios arrasta tudo o que encontra pela frente.
O ser humano é soberbo e se acha fora da natureza. Mas a natureza é um todo integrado e quando uma das partes é abalada (por queimadas, desmatamento, assoreamento etc.) tudo em torno é abalado e certos prejuízos serão para sempre.
Sejamos solidários com nossos irmãos do Sul. Mas façamos a nossa parte, respeitando a natureza, no nosso quintal, na nossa rua, na praça em nosso bairro ou em nossa cidade.
Josinaldo José de Barros (Cabeça), Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região. Diretoria Metalúrgicos em Ação.