Um dos resultados da plenária sindical com Lula, dia 18, foi a criação de um Grupo de Trabalho, com várias atribuições e prazos. Entre elas, definir a política de aumento real para o salário mínimo. O prazo é de 45 dias, prorrogáveis por mais 45.
Essa política existia, mas foi extinta após a derrubada da presidente Dilma. Com o governo Bolsonaro, a situação só se agravou, porque ele congelou o mínimo, além do que aprovou uma violenta reforma da Previdência.
Penso até que, se trabalharmos com afinco, conseguiremos cumprir a meta nos 45 dias. Mas, para tanto, precisamos ouvir a área econômica do governo, o Dieese, o ministro coordenador do GT, Luiz Marinho, o Sindicato Nacional dos Aposentados, bem como o Ministério da Previdência.
O governo teve que peitar uma tentativa de golpe de Estado logo no dia 8 de janeiro. Isso agravou a governabilidade, que foi salva pela inteligência de Lula ao unir os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Mas um governo precisa mostrar resultados na área econômica. A chamada PEC da Transição demandou uma sofisticada engenharia política, que acabou garantindo o Bolsa-Família de R$ 600,00 e agregou novos valores. Lula se saiu muito bem nessa articulação, cujo resultado prático é o amparo econômico aos mais pobres.
No que diz respeito ao salário mínimo, ele é o maior acordo salarial do mundo, pois, direta ou indiretamente, abrange cerca de 50 milhões de brasileiros. Entre aposentados e pensionistas, 27 milhões recebem o mínimo. Além deles, há os empregados da ativa, os intermitentes, os informais e MEIs que têm renda vinculada ao mínimo.
Dias desses vi a foto de dois PMs alimentando um homem faminto. Os próprios policiais compraram a marmitex. O gesto merece louvor, mas também revela uma situação trágica que afeta mais de 30 milhões de brasileiros.
O aumento do salário mínimo vai resolver tudo? Não. A miséria no Brasil é problema histórico. Ela tem a ver com a concentração de renda, o desemprego, a omissão do Estado, o egoísmo das elites e a exclusão social. Ou seja, assunto complexo.
Mas os problemas complexos não são resolvidos de uma só vez. Se o paciente chega ao hospital com pneumonia aguda, os médicos vão decidir primeiro o que atacar. Se vão entrar com antibiótico forte, se vão nutrir o paciente, se vão baixar a febre etc.
Pra resolver o que é complicado devemos começar por medidas simples. É o simples que resolve o complexo. Um salário mínimo maior começa a resolver o grave e complexo problema da má distribuição de renda no Brasil.
Faço um apelo pra que todos nos empenhemos pela nova política de valorização do salário mínimo. Até porque o que desenvolve um país é a força do seu mercado interno. E o salário mínimo é um dos esteios desse mercado.
Josinaldo José de Barros (Cabeça)
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região.
Diretoria Metalúrgicos em Ação
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