Dengue e a falta de gestões públicas – Artur Bueno

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Sempre que o país precisa de ações que necessitam do envolvimento e da conscientização da sociedade no combate ou prevenção de vírus e doenças, os gestores saem apagando o incêndio com as chamas já muito altas. E tomam medidas e decisões sem discutir com a sociedade, sem envolver, de fato, a população nas ações definidas.

Isso acontece porque falta cada vez mais gestões públicas com a participação da sociedade. A maioria dos gestores se fecha em seu entorno com um grupinho de bajuladores que parecem sempre os donos da verdade.

Não seria difícil convidar a sociedade organizada, por exemplo, como associações de bairro, entidades sindicais, agremiações religiosas, clubes de serviço, enfim, as ONGs, para reuniões onde medidas seriam discutidas, avaliadas e implementadas.

Neste momento, por exemplo, estamos vivendo a proliferação da dengue em todo o país. Todas as esferas governamentais estão preocupadas, mas as políticas de combate são de responsabilidade primária dos governos municipais, que poderiam convocar a sociedade local para uma interação e propostas. Especialmente as cidades onde ainda não chegaram as vacinas.

Se eu mesmo fosse convidado a participar de discussões sobre medidas contra a dengue consideraria focar na fiscalização de imóveis fechados e não o contrário, como muitas prefeituras estão preferindo.

Pelo que leio no noticiário, até o dia 7 de fevereiro já foram registrados quase 35 mil casos de dengue no estado de São Paulo, com mais de 30 mil registros em investigação, e com 6 mortes em consequência da doença. O Governo Estadual anunciou a criação de um Centro de Operações de Emergência, com campanhas educativas e investimento de 12 milhões em testes e 200 milhões para as prefeituras paulistas só nesse ano. Lembrando que o governo de São Paulo é de pessoas alinhadas com o bolsonarismo, que vetou o financiamento para pesquisas de vacinas e teve postura até mesmo antivacinas, o que certamente prejudicou o atual estado de falta delas.

Na capital de MG, Belo Horizonte, já foi decretado estado de epidemia de dengue e o mesmo deve acontecer em Brasília, em breve.

As estatísticas são preocupantes e a população deve ficar atenta, cobrar os gestores municipais para ações efetivas, o envolvimento da sociedade nas medidas e que o foco seja frear o avanço da doença. Treze por cento das pessoas testadas recentemente em uma pesquisa do Instituto Todos pela Saúde estavam infectadas com dengue. A mesma pesquisa, no ano passado, mostrava que 6% tinha contraído a doença. Mais que dobrou o nosso nível de infecção e preocupação com a dengue.

Façamos, cada um de nós, nossa parte.

 

Artur Bueno de Camargo, Presidente da CNTA Afins