Centrais defendem paz na Venezuela

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No auge da pandemia, janeiro de 2021, a Venezuela mandou, de graça, ao Brasil 107 metros cúbicos de oxigênio hospitalar. O carregamento era dirigido a Manaus, onde muita gente morria por falta de ar.

Vale lembrar que a remessa de oxigênio atendeu a um pedido das Centrais Sindicais brasileiras. O governo da época tratava o país vizinho como inimigo, preferindo deixar morrer asfixiados centenas de brasileiros, inclusive crianças.

À época, ao se referir às doações do insumo salvador de vidas, o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, afirmou: “Não queremos nada em troca”.

Fake – Inconformada com a ajuda do governo bolivariano, a extrema direita montou uma verdadeira operação para espalhar Fake News, alegando que a chegada do oxigênio hospitalar era mentira. Ou seja, para os extremistas valia menos salvar vidas do que reconhecer a ajuda concreta do fato.

Agora, com a Venezuela praticamente sitiada por forças norte-americanas, as Centrais brasileiras mostram-se solidárias ao país que evitou asfixia e morte de muitos brasileiros. Segue abaixo a Nota assinada por seis Centrais: “Defender a paz na Venezuela é proteger a América Latina”.

A NOTA:

As Centrais Sindicais brasileiras manifestam profunda preocupação com a escalada militar dos Estados Unidos contra a Venezuela. A série de manobras ameaça não apenas o país vizinho, mas também a soberania nacional, a paz e a estabilidade da América Latina.

Sob o falso pretexto de combate ao narcotráfico, o governo Trump conduz ações militares provocativas e ostensivas, em flagrante violação ao direito internacional. Entre essas ações estão:

  • Envio de aviões B-52 – bombardeiros estratégicos de longo alcance e alta capacidade de destruição – para sobrevoar o território venezuelano;
  • Posicionamento de oito navios de guerra na costa do país;
  • Explosão de embarcações civis; e
  • Autorização pública para que a CIA realize operações encobertas em solo latino-americano.

Tais medidas reproduzem práticas usadas pelos EUA na promoção de golpes militares durante a Guerra Fria, quando o imperialismo norte-americano intervinha direta ou indiretamente para subjugar governos soberanos.

Como naquela época, o país busca recolonizar o que chama de “hemisfério ocidental”, reafirmando seu desejo de controle sobre a América Latina, considerada – de forma arrogante e inaceitável – sua “zona de influência”.

O hipócrita governo Trump fala em “defesa da democracia”, mas por trás desse discurso está a tentativa de restaurar o poder das elites venezuelanas ligadas a Washington – grupos que historicamente empobreceram o povo e tentam reverter os avanços sociais conquistados em mais de duas décadas de Revolução Bolivariana.

No plano geopolítico, a contradição é ainda mais evidente: longe de promover a democracia, o cerco à Venezuela representa uma ameaça intervencionista de consequências imprevisíveis, que pode arrastar toda a região a um novo ciclo de guerras e instabilidade.

Nesse cenário, torna-se urgente a mobilização e a articulação das forças populares e dos governos da região – em especial o governo brasileiro – para conter essa perigosa escalada imperialista.

É hora de erguer a voz em defesa da soberania, do diálogo e da autodeterminação dos povos. É hora de unir forças para dizer: não à guerra, não à intervenção, sim à paz e à integração latino-americana.

São Paulo, 16 de outubro de 2025

Sérgio Nobre, presidente da CUT. Miguel Torres, Força Sindical. Ricardo Patah, UGT. Adilson Araújo, CTB. Antonio Neto, CSB. Nilza Pereira de Almeida, Intersindical.