Podemos avançar mais! – Josinaldo José de Barros (Cabeça)

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O advogado e escritor Aníbal Fernandes tinha uma frase que repito sempre: “Os direitos são a propriedade do povo”.

A frase tem um evidente lastro na realidade. É o caso do PL do presidente Lula que, a partir de janeiro, isentará do imposto de renda salários até R$ 5 mil.

Em nossa base, representará ganho médio mensal de R$ 340,00. Ao final de 12 meses, a isenção vai propiciar, na média, por trabalhador, uma economia em torno de R$ 4.100,00. Na prática, um 14º salário.

Tive a alegria de ser parte e também testemunha dessa história. No dia 7 de abril de 2022, Centrais e Sindicatos fizeram a Conclat e elegeram a Pauta Unitária da Classe Trabalhadora. Dia 14 de abril, entregamos a Pauta a Lula na Casa de Portugal, em SP. E ele prometeu, caso fosse eleito, “zerar até o final do mandato o imposto de renda sobre salário até R$ 5 mil”.

Não quero tirar o mérito de deputados e senadores que aprovaram o Projeto de Lula. Mas, a bem da verdade, essa isenção é fruto da ação sindical. Essa luta vai propiciar um verdadeiro ganho salarial real. Os R$ 27 bilhões economizados dos salários, por ano, vão aquecer o mercado interno, gerando negócios e empregos. Ou seja, progresso e qualidade de vida.

Há poucas semanas, foi aprovada a Lei 15.222/2025, que amplia a licença-maternidade para além dos 120 dias previstos na Constituição. Isso porque a licença será contada a partir da alta hospitalar da mãe e não mais da data de nascimento do bebê.

Mas não para aí. O presidente Lula está negociando com deputados a ampliação da licença-paternidade para 20 dias – hoje, são cinco. Isso é muito importante porque a mãe nem sempre tem algum parente por perto pra ajudá-la nos primeiros dias de alta. A licença-paternidade maior permitirá ao marido cuidar da esposa e também da criança.

Mas vitórias não acontecem apenas quando a gente conquista. Também foi uma tremenda vitória da pressão popular termos derrubado “a PEC da Vergonha” – que colocava deputados e senadores fora do alcance da lei, mesmo os que haviam cometido crime. No dia 21 de setembro, o sindicalismo mobilizou a sociedade e o povo lotou ruas, praças e avenidas contra aquele descalabro. Os parlamentares sentiram o peso da revolta e recuaram.

Neste momento, estamos em campanha salarial para os metalúrgicos representados pelos grupos patronais. Pois bem: três grupos não querem negociar. Esses empresários são os mesmos que aparecem na mídia falando que são modernos, que ouvem seus “colaboradores”. Mas que modernidade é essa, sem diálogo, sem consideração pela nossa pauta?

É verdade que estamos numa época de empregabilidade, aumento na renda média e de avanços trabalhistas. Mas não vamos achar que está tudo bem porque não está. Cadê o fim da escala 6×1?! Cadê a jornada de 40 horas?! Cadê a reforma agrária?! Cadê a redução dos juros?!

Josinaldo José de Barros (Cabeça). Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região.