A falta de garantias e direitos trabalhistas, exaustivas horas de trabalho, pouca ou quase nenhuma proteção e estabilidade, além da falta de um registro em Carteira, são avanços da precarização do trabalho. No passado, os trabalhadores informais eram, em sua maioria, camelôs, pedreiros, catadores de papelão e materiais recicláveis, diaristas. Agora, somam-se os motoristas e entregadores de aplicativos.
Apesar de a Câmara dos Deputados ter aprovado o Projeto de Lei 1.665/2020 em dezembro passado, que prevê direitos básicos aos entregadores de aplicativos, pouco ou quase nada mudou.
Agora, com o objetivo de unir os trabalhadores informais, a fim de enfrentar a precarização e a exploração, foi criado na última quarta (4), em frente ao Teatro Municipal, em São Paulo, o Movimento dos Trabalhadores Sem Direitos. Essa organização está presente também no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco.
Um dos coordenadores do Movimento é Severino Souto Alves, ex-presidente do Sindicato dos Camelôs e Ambulantes de Recife. Em entrevista à Revista Fórum, ele ressalta que essa nova organização serve pra dar cabo à nova realidade do mundo do trabalho.
“O mundo do trabalho, como a gente conheceu, onde grande parte da sociedade trabalhava com Carteira assinada, tinha suas garantias, está se acabando e entrando numa nova dinâmica”, explica.
Segundo Severino, as reformas feitas pelo governo nos últimos anos, o avanço tecnológico e a perda de postos de trabalho condiciona a uma nova informalidade. “Essa avaliação de conjuntura que temos nos condicionou ao balanço de que precisaria de uma organização política que discutisse essa informalidade e cobrasse políticas do Poder Público”, afirma.
“O capital se estabelece através dos avanços tecnológicos, que são bem vindos, mas se utilizam desses avanços pra obter mais lucro. Vamos pra cima nessa perspectiva também. Faremos levantes, paralisações, breques, o que precisar”, adianta Severino Souto Alves.
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