A Medida Provisória 936 de 1º de abril que rebaixa o salário dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras agrava, em plena pandemia do coronavírus, o drama vivido por inúmeras famílias brasileiras atingidas pelo desemprego e por condições de trabalho cada vez mais precárias no país. Desde o início da vigência da MP, mais de 7 milhões de trabalhadores tiveram salários reduzidos. O Governo federal espera atingir 24,5 milhões de trabalhadores e trabalhadoras com carteira assinada.
Na opinião de Wagner Gomes, secretário geral da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), as consequências da MP 936 são desastrosas e combinada à reforma trabalhista e à terceirização sem limites retira conquistas históricas da classe trabalhadora e projetam tempos difíceis para o desenvolvimento do país. “O momento é de intensificar o diálogo e as articulações com inúmeros setores da sociedade para impedir mais retirada de direitos”, afirmou.
A CTB tem participado ativamente de videoconferências com parlamentares, governadores, empresários e entidades da sociedade civil. “Estamos buscando apoio na sociedade e em setores que tenham um mínimo de senso de defesa do Brasil, incluindo entidades patronais. Os trabalhadores só terão melhora nas condições de vida se tiver um país com um rumo de crescimento”.
Pandemia potencializou crise e sofrimento do trabalhador
Wagner lembrou que a pandemia chegou no Brasil e encontrou um país em crise com relações de trabalho desfiguradas pela reforma trabalhista e pela terceirização, ambas responsáveis pela perda do poder aquisitivo do trabalhador e pelo achatamento salarial. “O desemprego que vivíamos fez com que a mão-de-obra ficasse mais barata. Agora a MP 936 admite até 70% de diminuição salarial. Uma coisa que vinha sendo dramática vai aumentar mais ainda”.
Se depender do relator da MP 936, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), esse percentual de redução dos salários vai cair. Nesta segunda-feira (11), o parlamentar afirmou que aquele que tiver “o contrato suspenso e redução da jornada de trabalho possa receber o mais perto possível da sua renda normal, sobretudo os trabalhadores que recebem menos que três salários mínimos”.
As articulações prosseguem. Segundo Wagner, há setores do patronato com os quais é possível dialogar.
“Tem o movimento Não Demita. Temos setores em São Paulo como a Abimaq (Associação brasileira de máquinas e equipamentos) com quem também estamos buscando o diálogo.
Estamos acumulando para mudar os rumos da nação.
Ninguém ganha do jeito que o Brasil está a não ser o sistema financeiro”.
Fonte: Portal CTB (Raílidia Carvalho)