A live da Agência Sindical da terça (29) recebeu Aldo Rebelo. Durante 45 minutos, o ex-líder estudantil, ex-deputado e titular de três Pastas ministeriais analisou a conjuntura e propôs saídas para a crise – definida como “atoleiro” por um internauta durante a transmissão.

Para Aldo, apesar dos efeitos dramáticos da recessão, do divisionismo nacional estimulado pelo governo, da política entreguista e da crise sanitária pela pandemia, é possível enxergar horizontes.

Para tanto, ele recomenda, “mobilizar as energias sociais, emocionais e espirituais do povo brasileiro rumo a um projeto de união nacional e desenvolvimento econômico e social”.
Pensador do Brasil, o alagoano Aldo vê três agentes vitais no reerguimento nacional: a classe trabalhadora e suas entidades; o setor produtivo, especialmente o produtor de alimentos, incluindo a agricultura familiar; e as Forças Armadas, alinhadas a um projeto nacional.

TRECHOS PRINCIPAIS:

Hoje – A situação econômica é desalentadora; a social é mais grave ainda. E a desorientação política do governo divide o País, com uma agenda falsa. Quando o Brasil precisa de forças amplas pra enfrentar a conjuntura de pandemia, o governo divide ainda mais. E por outro lado, na oposição, há também muita desorientação.

Agenda – Políticas compensatórias não devem ser descartadas. Mas há uma grande diferença entre o emprego industrial e o Bolsa-Família. A agenda reivindicatória é importante, mas temos que buscar a agenda que une e evitar a que nos divide.

Eixos – Primeiro é a retomada do crescimento, que interessa aos trabalhadores e parte do empresariado. O segundo é a redução das desigualdades, não só pelo aumento da renda, mas por serviços públicos efetivos, com educação de qualidade, transporte e saúde, elevando a qualidade de vida dos mais pobres. E o terceiro é a construção da própria democracia, com a participação do povo. Essas bandeiras deveriam compor a plataforma da oposição.

Energia – Existe essa energia social, mas está adormecida dentro das pessoas. As pessoas votaram nesse governo não pelo que ele é. Mas pelo que imaginavam que ele representaria, que fosse um líder patriota. No entanto, o povo dispõe de energias que podem ser canalizadas pra um movimento de reconstrução nacional. Desde que haja uma plataforma que traga esperança, porque a esperança é mobilizadora.

Forças Armadas – Elas são fundamentais e têm participado da construção do Brasil, ao longo da história. Mas há um dilema: as Forças Armadas precisam decidir ser parte da solução. Se não, podem apenas ser parte do problema nesse governo desorientado.

Pauta – A chamada pauta identitária não é do movimento sindical e dos trabalhadores. O trabalhador não adota essa agenda. Porque só a unidade ampla é de fato identitária. Parte da classe média abandonou a luta pela transformação social e, em vez de defender o que une, se apega ao que fragmenta. O trabalhador foi excluído e golpeado duramente no financiamento de sua estrutura e organização.

Sindicalismo – Além da agenda pelo fortalecimento da democracia, é preciso combater a desigualdade. O movimento sindical tem abrangência, é um ator político imprescindível ao País. Não pelo que reivindica, apenas. Mas por sua capacidade de propor coalizões que alcancem outros setores da sociedade.

Reindustrialização – É urgente reconstruir a indústria, o que exige vontade política. O Brasil saiu do zero pra se transformar numa das maiores economias do planeta. O Brasil deve buscar o caminho de reindustrialização. E tem condições. É preciso haver compromisso político e investimentos, pra fortalecer nossa infraestrutura e dar competitividade ao País.

Atoleiro – Não temos instituições nacionais fortes e economia forte, como muitos outros países. E entre as instituições nacionais a mais estruturada são as Forças Armadas. Se reunirmos as energias dos trabalhadores, dos militares e dos produtores, haverá capacidade pra tirar o Brasil do atoleiro.