A luta da classe operária pela sobrevivência se transformou numa batalha de Titãs. A fim de impulsionar a economia e diminuir as desigualdades sociais, o governo Lula anunciou, no Dia do Trabalhador, o novo salário mínimo de R$ 1.320. A medida beneficiará diretamente 54 milhões de brasileiros e injetará aproximadamente R$ 10 bilhões na economia do país.
Para o país crescer, a roda da economia precisa girar, infelizmente, o Banco Central insiste em travar esse movimento. O Copom, contrariando todas as expectativas, decidiu manter a taxa da Selic em 13,75%, apesar da redução da inflação e das medidas propostas pelo governo para aumentar a arrecadação e equilibrar os gastos.
Os altos juros são prejudiciais à economia e matam lentamente a população mais vulnerável. O Brasil tem a maior taxa de juros reais do mundo (descontada a inflação), logo, se tornou o paraíso dos especuladores. A autonomia do Banco Central é uma herança maldita do governo Bolsonaro, que privilegia os ricos em detrimento dos pobres. Até 2024, quando termina o mandato do atual presidente do Banco central, teremos uma longa batalha.
A alta da taxa da Selic afeta a capacidade de investimento das empresas, aumenta o endividamento das famílias, reduz o consumo e a geração de empregos. Os altos juros, o crédito restrito e a estagnação nas vendas levaram metade das fábricas de carros e caminhões no país a interromper, em algum momento, a produção neste ano.
O trabalhador sente os juros no bolso quando recorre ao crédito para pagar as contas. De acordo com o Banco Central, somente em março, mais de R$ 40 bilhões de crédito foram tomados por meio de cheque especial, com uma taxa de juros de 129% ao ano. O cartão de crédito é a modalidade de financiamento mais utilizada no país, apesar dos juros de 430% ao ano. Mais de 70 milhões de brasileiros estão endividados. Esse cenário se agrava com a taxa Selic em patamar elevado.
O trabalhador é a base da cadeia produtiva, desde a matéria-prima até o produto final, mas está perdendo seu protagonismo por conta da falta de investimento das empresas, que não têm acesso a crédito barato. Nesse processo todos perdem, menos o investidor, que obtém lucros exorbitantes ao comprar títulos do Tesouro.
Não podemos nos calar! O Banco Central está impedindo a economia do país de crescer para beneficiar sanguessugas da cadeia improdutiva dos juros, que enriquecem à custa do endividamento do povo.
Eusébio Pinto Neto,
Presidente da Federação Nacional dos Frentistas