O Portal BBC Brasil traz longa, e detalhada, reportagem sobre os impactos do combustível caro na vida os trabalhadores dos aplicativos Uber e 99 Taxis. Muitos já abandonaram o trabalho e outros se sentem ameaçados pelo preço da gasolina e do etanol.
Segundo o presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de SP (Abrasp), Eduardo Lima de Souza, um quarto dos motoristas deixou de trabalhar para as plataformas na cidade desde o início da pandemia.
Casos – O aluguel do carro que Daniela Cristina Teles usava subiu de R$ 1.400,00 para R$ 2 mil por mês. O etanol passou de R$ 1,89 para R$ 4,00. O aumento do número de casos e mortes por Covid-19 também a deixou com medo e ela também conseguiu emprego na Câmara Municipal de SP. Por esses motivos, ela abandonou os aplicativos.
De acordo com Daniela, seu lucro bruto era entre R$ 200,00 a R$ 300,00 por dia.
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“Mas eu gastava R$ 200,00 pra encher o tanque com gasolina. Não valia a pena nem como complemento de renda”, afirmou a ex-motorista de APP à reportagem.
Tendência – Assim como Daniela, milhares de motoristas tomaram a mesma decisão. Apesar disso, as plataformas Uber e 99 não apresentaram números que contestassem, confirmassem ou qualquer outro tipo de dado sobre esse assunto.
O presidente da Abrasp denuncia: “Os motoristas entraram numa fase crítica depois desses consecutivos aumentos. Não tivemos reajuste de tarifa nem pra acompanhar a inflação desde 2015.
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O motorista vem sentindo e muitos vêm desistindo”.
Repasses – Eduardo Lima de Souza pede que os aplicativos aumentem o valor repassado aos motoristas. Ele conta que, atualmente, alguns motoristas escolher corridas porque algumas são inviáveis. “Deveria haver reajuste pra fazer as corridas girarem e mais gente querer usar. As plataformas aumentaram o valor para os passageiros, mas não foi repassado para os motoristas”, informa Eduardo.
Desistência – O motorista Rosemar Pereira conta que quase desistiu de trabalhar para os aplicativos. Isso só não ocorreu porque ele ganhou um kit GNV (Gás Natural Veicular) no último mês. Rosemar, que é motorista há mais de 20 anos, não consegue recolocação no mercado de trabalho.
“Eu só não desisti porque não arrumei nada e ganhei esse kit que caiu do céu. Mas se os aplicativos diminuíssem a taxa deles e o governo reduzisse os impostos, ajudaria bastante”, diz Rosemar. Ele explica que, se houver mais aumentos, será o fim dos motoristas de aplicativos.
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