Patrões contra as mulheres – Josinaldo José de Barros

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Tem a notícia ruim e tem a notícia pior ainda. Por pior ainda entenda-se a decisão de duas Confederações patronais de recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a Lei da Equiparação Salarial entre homens e mulheres em igual função.
As entidades que foram ao Supremo são a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a CNC (Confederação Nacional do Comércio).
Tentar impedir a Equiparação já seria absurdo. Mas buscar na Corte Suprema derrubar a Lei 14.611/2023, em pleno mês de março – que é o Mês da Mulher – significa desrespeitar todas as trabalhadoras brasileiras.
Por isso, saúdo a posição das Centrais Sindicais repudiando a iniciativa. Elas denunciam: “Patrões praticam misoginia”. Ou seja, eles querem que o Supremo referende a discriminação e o atraso.
A Lei 14.611 foi anunciada pelo Presidente Lula em 8 de março do ano passado. Ele elaborou o Projeto de Lei, que tramitou com rapidez na Câmara e Senado. Após isso, Lula sancionou a Lei. Além de estabelecer “obrigatoriedade” de igualdade salarial entre homens e mulheres na mesma função, a Lei prevê multa pra empresa que a descumprir.
Essa Lei veio atender a uma histórica reivindicação das trabalhadoras e de todo o movimento sindical.
Pergunto: esses patrões estão com medo de quê? De equiparar ganhos entre trabalhadores e trabalhadoras ou medo de levar multa pesada por praticar ilegalidade?
Na Nota, as Centrais argumentam que “os representantes patronais desconsideram até mesmo dados econômicos que seriam relevantes para seus próprios interesses, pois estudos mostram que o fim de práticas discriminatórias contra as mulheres no mercado de trabalho estimularia o crescimento econômico, conforme o Banco Mundial”.
As Centrais também solicitam às duas entidades que recuem de seu intento no Supremo. Diz a Nota: “Esperamos que a CNI e CNC retirem a ADI junto ao STF e, além disso, conscientizem-se da importância de haver igualdade salarial e de oportunidades para as mulheres do Brasil”.
Quando a gente olha CNI e CNC o que vemos é a velha classe dominante brasileira. Aquela que lutou até último segundo pra manter a Escravidão, pra impedir a mulher de votar, segurar a ditadura e impedir avanços na Constituição. Mais recentemente, essa mesma classe botou aqueles patos amarelos infames em frente à Fiesp.
É deprimente que em pleno Século XXI ainda exista patrão falando grosso contra a mulher e buscando que o STF mantenha a trabalhadora na condição de inferioridade salarial.
Metalúrgicas – Dia 14, realizamos em nossa sede um belo Encontro de Mulheres. As companheiras querem respeito, dignidade e o direito de exercer plenamente sua cidadania. Quem poderia ser contra? Parece que a CNI e a CNC são. Que lamentável.
Josinaldo José de Barros (Cabeça), Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região. Diretoria Metalúrgicos em Ação.